Escrito por Dra. Ana Cristina Novaes Primo “Kililiu” e revisado por Dr. José Castillo
Parte I: ventrículo esquerdo
O strain cardíaco é uma ferramenta cada vez mais utilizada na prática clínica e, neste mês, vamos nos dedicar a discutir alguns pontos importantes sobre o método. Hoje, vamos entender do que se trata o strain e como adquirimos as imagens para análise longitudinal do ventrículo esquerdo, através desta técnica.
“Strain” é a expressão, em percentual, do deslocamento do músculo cardíaco em seus três eixos principais: longitudinal (analisa o encurtamento e o alongamento das cavidades, em relação ao seu eixo longo), circunferencial (que analisa a variação da circunferência das câmaras durante a sístole) e radial (que avalia o espessamento das paredes).
Para a obtenção do strain longitudinal do ventrículo esquerdo, devemos adquirir três imagens apicais: 3 câmaras (com aorta à direita), 2 câmaras e 4 câmaras.
Algumas regras devem ser obedecidas, entre elas:
– todos os sistemas de correção automática da imagem devem ser desligados,
– o paciente deve estar monitorizado por ECG de boa qualidade,
– não se deve alterar parâmetros como frequência do transdutor, profundidade e ganho da imagem.
Muitos equipamentos já fazem a marcação automática da borda endocárdica e outros exigem que o operador faça a marcação de três pontos, conforme mostrado na figura abaixo.
A seguir, o examinador precisa observar se as linhas de marcação estão acompanhando a movimentação do endocárdico corretamente (podendo realizar ajustes manuais, se necessário) e determinar o momento do fechamento da valva aórtica (utilizando o Doppler ou o modo bidimensional).
Após a análise de todas as imagens, obtemos o strain, que pode ser representado na forma de vetores, linhas gráficas, mapa polar com 16, 17 ou 18 segmentos e modo M curvado (onde se observa a deformação em função do tempo).
Podemos avaliar o strain longitudinal global do ventrículo esquerdo do paciente (a média de deformação de todos os segmentos desta cavidade) ou podemos avaliar cada segmento ou parede em particular, desta forma ampliando as aplicações do método para diversas condições clínicas.
Na próxima postagem, vamos detalhar um pouco sobre a obtenção das imagens para a análise dos strain circunferencial e radial do ventrículo esquerdo e terminaremos a semana postando algumas aplicações clínicas do método.
Para mais conteúdo como esse, acompanhe nosso blog.