As cardiomiopatias restritivas incluem uma série de doenças que afetam o miocárdio e provocam restrição ao movimento deste, com progressiva redução das funções sistólica e diastólica. Exemplos de doenças restritivas: amiloidose e sarcoidose.
A maioria dos pacientes em estágios iniciais da doença tem disfunção diastólica graus 1 e 2. Com o avanço da restrição, a disfunção diastólica progride para o grau 3, com valores de referência, usualmente, um pouco mais acentuados, em relação às alterações observadas em outros tipos de cardiopatias com enchimento de padrão restritivo, a saber:
- Relação E/A > 2,5
- Tempo de desaceleração da onda E < 150 mseg
- Tempo de relaxamento isovolumétrico < 50 mseg
- Redução das velocidades e’ septal e lateral do anel mitral (3 – 4 cm/s)
- Volume atrial esquerdo indexado > 50 mL/m²
- Relação E/e’ > 15
Na pericardiopatia constritiva, o miocárdio encontra dificuldades para relaxar, porque o pericárdio é quem impede o correto relaxamento do ventrículo esquerdo (VE) e então observamos algumas particularidades:
- O pericárdio doente restringe a movimentação do anel mitral lateral, que evolui com velocidade de deslocamento menor que a porção septal do anel. É o que denominamos annulus reversus (já que normalmente o esperado é que o anel lateral tenha velocidade de deslocamento maior).
- Por este motivo, não devemos utilizar a relação E/e’ média ou E/e’ lateral para estimar os valores das pressões de enchimento do VE. Estuda-se a possibilidade de utilizar apenas a relação E/e’ septal para este fim.
Observação: outras condições, como doença arterial coronariana (com alteração da contratilidade segmentar do VE), podem afetar o deslocamento do anel mitral e produzirem o padrão de annulus reversus. Discutiremos estes casos específicos em outros posts.
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Graduada em medicina, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É pós-graduada em Cardiologia, pela Funcordis, e em Ecocardiografia, pela ECOPE. Possui título de Especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.