Tumores Cardíacos: tumores metastáticos

Finalizando a série de postagens sobre tumores cardíacos, vamos falar um pouco sobre os metastáticos, cuja incidência é cerca de 20 vezes maior do que a de tumores primários. A frequência varia entre 0,7-3,5% na população geral e em 7,1% das pessoas que morreram de câncer.

Geralmente, permanecem clinicamente silenciosos e a ecocardiografia deve ser realizada sempre que surgem sintomas de insuficiência cardíaca, angina, embolia, arritmias, um novo sopro cardíaco ou aumento da área cardíaca na radiografia de tórax.

Pode ocorrer por invasão direta (contiguidade), por via hematogênica, linfática ou por extensão transvenosa, pela veia cava inferior. Os tumores mais comuns de potencial metastático para o coração são: melanoma, pulmão, mama, esôfago, linfoma e leucemia.

Carcinoma broncogênico

Um dos tumores que mais frequentemente origina metástases cardíacas (36% dos casos), em parte decorrente da proximidade com o coração e em parte da própria prevalência da neoplasia. O adenocarcinoma é o tipo celular mais comum. A via de disseminação mais frequente é a invasão linfática, que acomete o pericárdio e o epicárdio. Com menos frequência, o acometimento cardíaco ocorre por contiguidade, no casos de lesões extensas.

ESQ – extenso carcinoma broncogênico que invade o mediastino posterior e o pericárdio posterior; DIR – eco transesofágico de carcinoma broncogênico invadindo o átrio direito pela veia pulmonar superior direita.

Carcinoma de mama

Responsável por cerca de 7% das metástases cardíacas, pode invadir o coração por contiguidade, erodindo a parede torácica anterior. Produz frequentemente espessamento pericárdico com derrame.

Paciente portadora de carcinoma de mama com invasão do mediastino anterior. ESQ – imagem hiperecogênica na parede anterior do ventrículo direito; DIR – massa anômala que invade o espaço pleural (setas menores) e presença de derrames pleural e pericárdico.

Carcinoma de esôfago

Corresponde a 6% das metástases cardíacas. Normalmente, a invasão se dá por extensão tumoral, acometendo a região posterior do coração.

Carcinoma de esôfago que comprime e invade o átrio esquerdo por contiguidade.

Linfoma

Ocorre mais comumente em pacientes imunodeprimidos, podendo invadir o miocárdio e o pericárdio por disseminação hematogênica. Seu prognóstico normalmente não é bom e a prevalência das metástases cardíacas é de 20%. Linfomas mediastinais podem produzir invasão por contiguidade, ocasionando derrames pericárdicos (15% dos casos dos derrames pericárdicos de origem metastática). O envolvimento cardíaco normalmente é manifestação tardia da doença.

Tumor carcinóide

Tumor neuroendócrino formado por células cromafins, secretoras de seratonina, geralmente localizados no intestino grosso, na região do íleo terminal e ceco, que pode acometer pulmão e fígado. Quando há metástase hepática, pode provocar síndrome carcinóide, cujos sintomas principais são rash cutâneo, diarreia explosiva e prurido. Ao ultrapassar a barreira hepática, a secreção do tumor impregna as cavidades cardíacas direitas, provocando extensos depósitos de tecido fibroso sobre o endocárdio, acometendo principalmente as valvas tricúspide e pulmonar. A fibrose tricúspide reduz a mobilidade valvar, que provoca regurgitação importante por falha de coaptação. Já na valva pulmonar, costuma causar estenose.

Paciente portador de síndrome carcinóide com invasão e fibrose da valva tricúspide, observando falha de coaptação dos folhetos e regurgitação de grau importante.

Melanoma

Pacientes portadores deste tipo de tumor apresentam alto índice de metástases cardíacas (64%). As metástases cardíacas são acompanhadas de metástases em outros órgãos. A distribuição multifocal destas e a ocorrência de acometimento miocárdico sugerem a disseminação por via hematogênica.

Hipernefroma

Corresponde a cerca de 43% dos casos, evidenciando comprometimento do átrio direito vindo da veia cava inferior.

Paciente portador de hipernefroma com imagem ecogênica arredondada no átrio direito, observando a relação do tumor metastático com a veia cava inferior.

E assim terminamos a série sobre tumores cardíacos. Quer ver algum assunto sendo exposto aqui no blog? Manda a sua sugestão que ela será muito importante!

Para mais conteúdo como esse, continue acompanhando nosso blog!

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ANDREA GABALDO DE

Excelente!!

Milton

Excelente artigo.Otimas imagens.

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