FLUXO DE CORONÁRIAS E RESERVA DE FLUXO CORONARIANO
Reserva de fluxo coronariano
Define-se a reserva de fluxo coronariano (RFC) como a capacidade de vasodilatação do leito arterial coronário quando submetido a hiperemia. Como vimos no blog anterior, a circulação coronariana é regulada pela demanda de oxigênio e reage de forma imediata com a vasodilatação das arteríolas, aumentando o fluxo coronariano na região de microcirculação. Este aumento do fluxo triplica e até quintuplica o fluxo basal, principalmente diastólico, o que se traduz em aumento da velocidade e do volume do fluxo durante um esforço ou pela ação de vasodilatadores coronarianos.
Quando há estenose de artérias coronárias epicárdicas, ou alterações da microcirculação, diminui a capacidade de vasodilatação (por que o sistema já está vasodilatado para compensar a diminuição do fluxo provocada pela estenose), com diminuição da RFC e, portanto da velocidade do fluxo durante a hiperemia.
Assim, a aferição da RFC pode ser realizada medindo-se a velocidade máxima do fluxo durante a diástole em repouso e depois da hiperemia e, também, medindo-se a integral da velocidade do fluxo diastólico (que representa o fluxo volumétrico) nas mesmas condições. A velocidade diastólica do fluxo normalmente é maior que 25 cm/s e a integral da velocidade maior que 10 cm, embora a RFC seja uma medida relativa de comparação entre os fluxo hiperêmico e o fluxo basal. Considera-se RFC normal um aumento maior que 2 vezes a velocidade ou a integral da velocidade (Figuras 9 e 10).
Quando há estenose de coronária (ou alteração da microcirculação) a rede arteriolar se dilata para compensar a diminuição do fluxo basal, diminuindo sua capacidade de maior vasodilatação, tanto maior quanto maior a estenose. Dessa maneira há diminuição de RFC assim como diminuição da velocidade basal quando a estenose é significativa (Figura 11).
Este método se aplica ao vaso que estamos estudando, desde que a análise da RFC seja realizada após a estenose. Caso contrário, a RFC pode ser normal. Por isso é muito importante o registro das artérias coronárias o mais distal possível (Figuras 12 e 13).
Alguns estudos mostram correlação entre a diminuição da RFM e a estenose de coronárias (1) (Figura 14).
Quando a alteração é na microcirculação coronária, como ocorre nas hipertrofias, diabetes, dislipidemias e cardiomiopatias infiltrativas, a RFC também encontra-se diminuída. Dessa forma, a diminuição da RFC pode ser devida a estenose de vasos epicárdicos ou disfunção da microcirculação.
Bibliografia
- Lowenstein J, Presti C, Tiano C, et al. Existe relación entre el grado de restricción de la reserva coronaria diastólica de la arteria descendente anterior medida por eco-doppler transtorácico y la severidad de las lesiones angiográficas? Rev Argent Cardiol. 2001; 69:85.
É doutor em medicina, especialista em Cardiologia (SBC) e especialista em Ecocardiografia.
Curriculum completo disponível na Plataforma Lattes
(http://lattes.cnpq.br/4922446519082204)