Cada vez mais entendemos que o prolapso de valva mitral (PVM) pode não ser um achado tão benigno assim por sua associação, em alguns casos, com arritmias ventriculares malignas. Desta forma, conhecer as “alterações de risco” na avaliação ecocardiográfica do PVM se faz necessário no acompanhamento destes pacientes.
Já sabemos que o risco maior de associação com arritmias malignas acontece na presença de:
- Acometimento de ambas as cúspides;
- Espessura do folheto > 5mm na diástole;
- Disjunção do anel mitral (já comentado neste blog);
- Aumento sistólico paradoxal do diâmetro do anel mitral;
- Maior velocidade do anel mitral ao Doppler tecidual (Pickelhaube sign).
E aqui chegamos no objetivo deste post: você conhece o Pickelhaube sign? Trata-se da uma onda S com pico sistólico de alta velocidade ao Doppler tissular do anel mitral, adotando uma forma que lembra, segundo os autores, o formato de um clássico modelo de capacete utilizado por militares alemães durante os séculos XIX e XX, intimamente associado ao exército da Prússia.
Descrito, inicialmente, no prolapso de valva mitral mixomatoso, normalmente é encontrado nos casos em que há prolapso de ambos os folhetos. O provável mecanismo relacionado a esse achado se dá pela movimentação anormal do músculo papilar póstero-medial decorrente da tração dada pelos folhetos prolapsados. Uma onda S com pico > 16 cm/s pode ser considerada (embora ainda faltem dados mais consistentes na literatura) um marcador de risco para a forma “arritmogênica” do PVM.
Um detalhe importante é que, além da avaliação de rotineira com o Doppler tissular dos anéis medial e lateral (janela apical 4C), deve-se realizar a análise dos anéis anterior e posterior (janela apical 2C), bem como do anel posterolateral (apical 3C), tendo em vista que, em uma análise comparativa, as maiores velocidades foram identificadas na análise do anel posterolateral.
Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.
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Muito boa e esclarecedora sua abordagem. Mas está mais associada com MAD certo?
Exatamente, Ezilaine. A presença de MAD realmente é o achado mais associado a arritmias no contexto de PVM.
[…] Por aqui já falamos bastante sobre o prolapso de valva mitral (PVM) e a associação deste achado com arritmias ventriculares, quando na presença prolapso de ambos os folhetos, disjunção do anel mitral e onda S com pico sistólico elevado ao Doppler tissular (não lembra, então é só clicar aqui e aqui). […]
[…] Pickelhaube Sign – https://blog.escolaecope.com.br/pickelhaube-sign-ja-ouviu-falar/ […]