Persistência da veia cava superior esquerda (PVCSE) é a anomalia venosa mais encontrada no tórax, apesar de sua baixa prevalência (0,3-0,5% da população mundial, podendo chegar a 2,8 – 4.3% quando associada a outras cardiopatias congênitas). Ocorre mais comumente na presença de veia cava superior direita (ou simplesmente veia cava superior), sendo incomum se apresentar isoladamente.
Durante a fase embriológica, a drenagem é feita pelas veias cardinais: cabeça, pescoço e braços drenam para o átrio direito através das veias cardinais anteriores direita e esquerda . Ao redor da oitava semana de gestação, a veia inominada esquerda une-se às porções anteriores das veias cardinais. A veia cardinal anterior direita torna-se a veia cava superior direita. Já a veia cardinal anterior esquerda é ocluída, originando o ligamento de Marshall. Quando essa veia não se degenera, desenvolve-se a veia cava superior esquerda, a qual drenará para o átrio direito através do seio coronariano.
A PVCSE é uma condição embriológica que não traz maiores complicações ou sintomas, sendo geralmente identificada durante o implante de dispositivos cardíacos, cateteres venosos centrais ou procedimentos cirúrgicos torácicos.
Sua presença pode estar associada a outras anormalidades cardiovasculares, como defeito do septo interatrial, valva aórtica bicúspide, coarctação da aorta, atresia ostial do seio coronariano e cor triatriatum.
Apesar da dilatação do seio coronário sugerir PVCSE, esta não é a única causa deste achado. Situações como aumento da pressão atrial direita, fístula coronária arteriovenosa e drenagem anômala parcial de veias pulmonares podem cursar com dilatação do seio coronário.
O diagnóstico de PVCSE, contudo, pode ser confirmado através da injeção de solução salina agitada no membro superior esquerdo demonstrando a ocorrência precoce de bolhas no seio coronária, subsequentemente drenadas para o átrio direito.
No corte supraesternal transverso é possível visualizar a veia cava superior esquerda persistente, sendo uma janela muito útil para o diagnóstico.
Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.
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A abordagem deste assunto foi bastante didática, com excelentes imagens. Parabenizo o colega Dr. Caio Guedes.
Excelente artigo👏🏻👏🏻