Exame de Controle Pós MitraClip: relato pessoal

A abordagem percutânea das valvopatias já é uma realidade e agora os pacientes começam a comparecer nos laboratórios de ecocardiografia para o seguimento pós procedimento. Desta maneira, precisamos estar familiarizados com a rotina ecocardiográfica para que as informações relevantes estejam descritas nos nossos laudos.

Ao lado de Dr. Eugênio, grande referência.

Essa semana me deparei com o meu primeiro exame pós implante de MitraClip. Não por acaso, tratava-se de um paciente que eu já acompanhava e inclusive estive presente durante o procedimento.

Homem, idoso (96 anos), portador de fibrilação atrial crônica, previamente assintomático, apesar de um refluxo mitral funcional importante (por dilatação do anel valvar mitral secundário ao aumento do átrio esquerdo) já conhecido há aproximadamente 02 anos (até então, apresentava função ventricular preservada e com diâmetros cavitários do VE normais – IMi funcional proporcional). Contudo, nos últimos 8 meses passou a apresentar dispneia progressiva, chegando aos pequenos esforços, associada a ortopneia e episódios de dispneia paroxística noturna. O mesmo alternava momentos de compensação clínica (com ajuste “fino” de terapia medicamentosa) com descompensações (estas cada vez mais frequentes).

Tinha histórico de doença arterial coronária (DAC), com necessidade de cirurgia de revascularização miocárdica há aproximadamente 12 anos, além de ser portador de marcapasso definitivo, indicado por doença do nó sinusal. Após exclusão de DAC como possível causa da piora de classe funcional e de vários episódios de descompensações (algumas com necessidade de internação hospitalar), foi optado por realizar o tratamento da IMi funcional com implante de MitraClip.

Procedimento realizado sem intercorrências e com implante de dois clips, com resultado satisfatório. O paciente recebeu alta após 03 dias de internações e apresentou melhora de classe funcional (CF III –> CF I). Após 30 dias do procedimento, retorna para ecocardiograma de controle.

Importante ressaltar que este exame servirá como base para os demais que serão realizados durante todo o seguimento.

Ecocardiograma bidimensional demonstrando presença de dois clips em valva mitral, com refluxo residual de grau leve e gradiente médio transvalvar de 6 mmHg (observa-se um fluxo de alta velocidade por interferência de jato regurgitante aórtico excêntrico). Além disso, observado comunicação interatrial (CIA) “iatrogênica” em região próxima ao istmo apical do septo interatrial, sem repercussão hemodinâmica, após punção transseptal.

Foi observado ainda, refluxo tricúspide importante com mecanismo misto: aumento do anel valvar tricúspide e relacionado à dispositivo cardíaco eletrônico implantável (eletrodo de marcapasso), pois foi observado nítida interferência do dispositivo com a mobilidade do folheto anterior da valva tricúspide.

Para finalizar, ainda foi observado imagem sugestiva de fibroelastoma aderida à face aórtica da valva aórtica.

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