Doença reumática e alterações degenerativas são as principais causas de estenose mitral (EMi) mundo à fora. Em raros casos, contudo, a causa pode ter relação com radiação na região do tórax, doença carcinóide e secundária à doenças metabólicas.
- Estenose Mitral Reumática:
Caracterizada por área valvar < ou igual a 1,5 cm², a estenose mitral importante decorre da fusão comissural com espessamento do folheto posterior, sendo este o principal mecanismo desta valvopatia. A estimativa da área valvar pela planimetria continua sendo a medida de referência da EMi, enquanto que o gradiente médio do fluxo mitral e as pressões pulmonares refletem suas consequências e têm valor prognóstico. O ecocardiograma transesofágico deve ser indicado para excluir trombo atrial antes da realização de procedimento percutâneo ou após algum evento embólico, além de ser útil para melhor caracterização da anatomia valvar e do aparato subvalvar.
- Estenose Mitral Degenerativa com Calcificação do Anel Mitral:
Usualmente acomete pacientes mais velhos e com comorbidades, incluindo outras doenças valvares. De forma geral, o prognóstico não é favorável em decorrência do perfil de alto risco dos pacientes, bem como pelas alterações anatômicas dadas pelo envolvimento do anel mitral, dificultando as técnicas de reparo.
Neste tipo de acometimento, a planimetria é menos confiável pelo alto grau de calcificação e por irregularidades do orifício valvar. Dessa forma, para avaliar a gravidade da doença, se faz necessário considerar anormalidades do AE e do VE e que irão ajudar na tomada da decisão terapêutica. O gradiente médio, assim como acontece na EMi de etiologia reumática, também tem valor prognóstico.
As opções de tratamento, seja por abordagem cirúrgica convencional ou transcateter, são considerados procedimentos de alto risco nesse perfil de paciente.
As recomendações para a avaliação ecocardiográfica da EMi não trouxe mudanças em relação às diretrizes anteriores.
Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.