Avaliação da função diastólica em pacientes com Cardiomiopatia Hipertrófica

A avaliação da função diastólica em pacientes com cardiomiopatia hipertrófica possui algumas particularidades, visto que podem existir diversos padrões de fluxo mitral, a depender do tipo de hipertrofia, do índice de massa muscular, do tipo de desarranjo entre as fibras e da presença de obstrução ou não à via de saída do ventrículo esquerdo (VE). Variáveis como a relação E/A e o tempo de desaceleração se correlacionam pobremente com as pressões de enchimento do VE nesta condição.

Portanto, devemos utilizar parâmetros menos dependentes destas variações para análise da função diastólica nestes casos. São eles:

  • Relação E/e’ média > 14
  • Volume do átrio esquerdo indexado > 34 mL/m²
  • Diferença entre o tempo de duração da onda A reversa (Ar) do fluxo das veias pulmonares e o tempo de duração da onda A do fluxo mitral: Ar-A ≥ 30 mseg
  • Velocidade do refluxo tricúspide > 2,8 m/s

Na presença de regurgitação mitral maior que moderada, só devemos utilizar dois parâmetros:

  • Diferença entre o tempo de duração da onda A reversa (Ar) do fluxo das veias pulmonares e o tempo de duração da onda A do fluxo mitral: Ar-A ≥ 30 mseg
  • Velocidade do refluxo tricúspide > 2,8 m/s

Como interpretamos:

  • Se mais de 50% dos parâmetros estiverem alterados (quando 3 ou 4 parâmetros estão disponíveis para análise), temos aumento da pressão média do átrio esquerdo (AE) e disfunção diastólica grau 2.
  • Se menos de 50% dos parâmetros estiverem alterados (quando 3 ou 4 parâmetros estão disponíveis para análise), temos pressão média do átrio esquerdo (AE) normal e disfunção diastólica grau 1.
  • Se tivermos 2 ou 4 parâmetros disponíveis para análise e houver 50% deles alterados (1 alterado e 1 normal ou 2 alterados e 2 normais), não devemos estimar o grau de disfunção diastólica. O mesmo se aplica caso tenhamos apenas um parâmetro disponível para análise.
  • Disfunção diastólica grau 3 é diagnosticada quando temos padrão de enchimento restritivo (E/A > 2), na presença de redução da velocidade das ondas e’ do anel mitral (septal < 7 cm/s e lateral < 10 cm/s).
Paciente com cardiomiopatia hipertrófica. Imagem bidimensional no eixo longo paraesternal mostrando movimento sistólico anterior da valva mitral. Imagem do fluxo mitral com relação E/A > 1 e refluxo mitral leve. Imagens do Doppler tissular do anel mitral com redução das velocidades das ondas e’ septal e lateral, com relação E/e’ média > 14. Velocidade do refluxo tricúspide de 3,42 m/s (PSAP estimada ≥47 mmHg). Neste caso, apenas de posse de dois dados alterados, não podemos estimar se a disfunção é grau 1 ou 2. Necessitaríamos de pelo menos mais um parâmetro alterado para classificá-lo como grau 2.

Dúvidas ou sugestões, deixem nos comentários! Até o próximo post!!!

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ELANE COSTA

Excelente resumo! Ilustrativo!

Dr. Theofanis Konstadinidis

Excelente descrição da avaliação de função diastólica do VE , nesta patologia .. mas gostaria que se detivesse na avaliação concomitante do grau de obstrução da via de saída do VE (gradiente sistolico ) VE-AO) q é fundamental na escolha do tratamento .. clínico ou invasivo .. Dr. Theofanis .. Núcleo de Cardiologia do HSL -SP

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