Alteração cardiovascular em criança pode colocar em risco seu atletinha

Apesar do desejo dos pais, nem sempre a criança deve continuar a investir na carreira esportiva. Deixar a escolha nas mãos dos filhos também evita sequelas emocionais.

Quase que semanalmente avaliamos crianças adolescentes com pais ansiosos em vê-los finalmente escolhidos pela peneira dos grandes clubes de futebol ou pelo técnico de tênis ou pelos treinadores de ginástica artística e assim por diante, nas várias modalidades esportivas. Sucesso é o que muitos desejam, ferozmente, para seus filhos. Portanto, é difícil lhes dizer que o filho apresenta uma dúvida cardiológica e que isso vai levar algum tempo para ser desvendado, pois só após completar os exames será decidido se a criança poderá ser liberada.

Dois casos que aconteceram comigo anos atrás ainda se repetem nos dias de hoje. Certa vez, um goleiro em ascensão teve um mal estar em campo e foi afastado do futebol depois de exaustivamente avaliado com os exames da época (anos 80)! Houve um grande alvoroço e, por vários dias, tive que ouvir e ser cobrado, quase que fisicamente, por pessoas ligadas ao atleta, nos acusando de favorecer seu reserva!

Seu caso era grave e de alto risco, porém ele não havia feito avaliação prévia no início dacarreira esportiva. Quando chegou ao alto nível, teve que abandonar a brilhante carreira pelo risco de vida. Vários casos são semelhantes, e por isso, depois de 40 anos examinando esportistas e atletas, recomendamos que se faça pelo menos uma consulta anual especializada. De preferência, no início do ano esportivo, com eletrocardiograma e alguns exames de laboratórios. Essa rotina se faz obrigatória em quem pretende seguir carreira esportiva, em qualquer modalidade.

Nas nossas estatísticas das avaliações de jovens até 18 anos, feitas no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e no Centro Integrado de Medicina do Esporte e Exercício do Hospital do Coração-HCor, encontramos de 17% a 21% de garotos com alguma alteração cardiovascular. Estas alterações podiam ser benignas e até malignas, sem sintomas que chamassem a atenção do futuro atleta.

Outro caso foi de uma garotinha cuja mãe queria que ela fosse uma ginasta artística. No entanto, a atleta mirim tinha pavor de alturas e saltos nas barras fixas. Lógico que não deu certo. Sugerimos a ginástica de solo, e ela, mais segura de si, apresentou um desempenho melhor.

Parecem coisas simples de resolver, mas esses e outros problemas médicos em jovens levam meses para serem solucionados. Além disso, eles podem deixar sequelas emocionais para o resto da vida.

Fonte: Globo.com

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