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Relato de Caso: Cardiotoxicidade induzida por Quimioterápico

Já é bem documentado na literatura o efeito tóxico de alguns quimioterápicos para o músculo cardíaco. Nesse contexto, o seguimento ecocardiográfico é de extrema importância, sendo a técnica de speckle tracking fundamental na detecção precoce da disfunção miocárdica nesses pacientes (tema recentemente abordado aqui no Blog).

Vamos exemplificar, através do resumo do trabalho de conclusão de curso (TCC) do nosso egresso da pós graduação, Dr. Rafael Morais, como isto acontece na prática.

Exame pré tratamento: FE Simpson 60%, Strain Longitudinal Global (SLG) do VE 18,8%

No terceiro mês após o início da quimioterapia, a paciente realizou novo ecocardiograma. Na ocasião, encontrava-se sem sintomas cardiovasculares:

Exame de controle após 3 meses: FE Simpson 57% e SLG do VE 15.9%

Neste momento, ficou documentado uma redução de 15,4% (18,8% —> 15.9%) do SLG do ventrículo esquerdo em relação ao exame basal, preenchendo, desta forma, critério para cardiotoxicidade induzida por quimioterápico. No sexto mês após o início da quimioterapia, a paciente retornou para realizar novo controle ecocardiográfico.

Exame de controle após 6 meses: FE Simpson 39,9% e SLG do VE 12.8%

Após 6 meses do início do tratamento quimioterápico, a paciente apresentou disfunção ventricular esquerda, detectada pelo método de Simpson, contudo esta alteração já havia sido documentada, ainda em fase subclínica, pelo Strain Longitudinal Global do VE. A seguir, uma tabela com os parâmetros ecocardiográficos identificados durante o seguimento da paciente:

A incidência de cardiotoxicidade induzida por quimioterápicos em adultos é estimada em 40%. A taxa de mortalidade em doentes oncológicos que apresentaram cardiotoxicidade é elevada (superior a 60% em dois anos). Tal desfecho clínico pode ser evitado com prevenção e detecção precoce. Alguns fatores de risco estão associados à maior chance de cardiotoxicidade precoce ou tardia por antraciclinas, tais como:

1- Indivíduos em idade menor que 18 anos ou maior que 65 anos;

2 – Sexo feminino;

3 – O dano é maior quando a dose cumulativa é excedida;

4 – Duração de administração rápida;

5 – Doenças cardiovasculares prévias (hipertensão arterial, doença arterial coronariana.

A insuficiência cardíaca é a complicação cardiovascular mais temida relacionada à quimioterapia, porém outras manifestações cardíacas também são possíveis, como pericardite e alterações estruturais valvares. Uma redução de 10% da fração de ejeção abaixo do limite inferior da normalidade, bem como diminuição de 15% do Strain Longitudinal Global do VE caracterizam o acometimento miocárdico induzido por quimioterápicos.

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