Prolapso de Valva Aórtica: aspectos ecocardiográficos

O prolapso da valva aórtica (VAo) é uma condição relativamente incomum (1% das valvopatias) e pode ser um cenário desafiador, sobretudo na hora de definir o tipo de tratamento a ser adotado (reparo valvar x troca valvar).

Pode ser definido pela presença de:

1- quando a margem livre* do folheto encontra-se em um plano abaixo dos demais;

* Em condições normais, as margens livres dos folhetos ficam em paralelo, no mesmo plano, e se encontram, na região central da raiz de aorta, mais ou menos 1 cm acima do nadir do seio de valsalva.

2- quando as margens livres dos folhetos estão no mesmo plano, porém com ponto de coaptação abaixo do plano de inserção dos folhetos valvares na raiz de aorta.

Pode ser causada por diferentes condições, sendo mais comum nos casos de VAo bicúspide (30% dos casos) e de aneurisma de raiz de aorta.

O prolapso da VAo também pode ser observado em doenças do tecido conjuntivo (doença de Marfan, por exemplo), doenças autoimunes (Behçet), nos casos de dissecção aguda de aorta ou após uma ruptura de fenestrações comissurais. Traumas torácicos fechados também podem levar ao prolapso valvar.

Eventualmente pode ser de etiologia iatrogênica após reparo cirúrgico de aneurisma crônico de raiz de aorta. Neste cenário, pela cronicidade do aneurisma, há um alongamento dos folhetos valvares e a diminuição do diâmetro aórtico, quando realizado o reparo, pode levar ao prolapso de tecido valvar.

Defeitos do septo interventricular, particularmente a comunicação interventricular subpulmonar, podem se associar ao prolapso da VAo.

O prolapso valvar isolado, em uma VAo trivalvular, é um achado considerado raro, sendo os folhetos não coronariano e coronariano direito os mais comumente afetados.

Pode ocorre o prolapso de um ou mais folhetos valvares e, ao estudo com Doppler, geralmente observa-se um jato regurgitante excêntrico.

A regurgitação valvar, por sua vez, pela sua alta velocidade de fluxo pode, ao longo do tempo, levar a um espessamento das margens livres do folheto prolapsado e também fragilizar as regiões comissurais, levando ao surgimento de fenestrações que podem, em alguns casos, se romperem e aumentar o grau de disfunção valvar.

Existe uma forma de graduar o prolapso baseado na classificação proposta por Woldow et al.:

Prolapso 1+: mínimo deslocamento do ponto de coaptação, com alongamento do folheto durante a diástole;

Prolapso 2+: deslocamento significativo além do anel valvar durante a diástole;

Prolapso 3+: deslocamento de um ou mais folhetos, de forma protuberante, dentro da via de saída do ventrículo esquerdo.

O tratamento dependerá da magnitude da disfunção valvar, sendo o reparo da valva aórtica (plastia) muitas vezes factível.

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Giovanni Pinotti Zin

excelente conteúdo!
poderia nos passar as referências?

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