A infecção humana pelo Echinococcus granulosus, também conhecida como hidatidose ou equinococose, é rara e pode acometer diferentes orgãos. O acometimento cardíaco é incomum e os pacientes infectados podem permanecer assintomáticos por longos períodos devido ao período de incubação da doença.
Trago aqui uma publicação de abril de 2021 relatando um caso de equinococose cardíaca. Então vamos lá…
Homem, 38 anos, previamente hígido admitido no pronto socorro com dor torácica de início súbito, ventilatório dependente. Exames laboratoriais demonstraram troponina. BNP e PCR elevados, além de eletrocardiograma com onda Q patológica em derivações inferiores e em V4-V6, e progressão lenta de onda R nas derivações precordiais.
Após suspeita inicial de miocardite, o paciente realizou um ecocardiograma transtorácico, sendo observado massa com área hipoecogênica localizada na região inferosseptal, comprimindo ambos os ventrículos. Além disso, apresentava disfunção ventricular esquerda (FE Simpson 40%) às custas de hipocinesia e discinesia da área descrita. Strain Global Longitudinal do VE com redução severa (-9.3%).
O paciente, então, realizou ressonância magnética cardíaca para melhor avaliação desta lesão. O exame confirmou cisto hidático septado medindo 3.5×6.5 cm na região inferosseptal. Apesar de sorologia negativa para equinococos, o paciente iniciou tratamento medicamentoso para hidatidose (Albendazol 200mg 12/12h), além de corticóide para prevenção de choque anafilático pela possibilidade de ruptura do cisto, e teve cirurgia agendada para remoção do cisto.
Tomografia de tórax e de abdome não revelou acometimento extracardíaco. Ecocardiograma transesofágico durante a cirurgia demonstrou derrame pericárdico leve por provável ruptura cística.
O paciente foi submetido à cirurgia cardíaca, sendo realizado a retirada do císto, bem como de sua cápsula.
Ecocardiograma pós operatório mostrou melhora da função ventricular e nenhuma lesão residual. O paciente evoluiu sem intercorrências e iniciou seguimento ambulatorial.
Como é um assunto raro, farei um novo post com revisão sobre o tema. Então, até lá.
Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.
Parabéns pelo belíssimo caso. Boas imagens ecocardiográficas e vídeo do procedimento cirúrgico impressionante!
Muito bom