A hidatidose é uma doença incomum em humanos, contudo pode ser encontrada em alguns países da América Latina e África. O homem é um hospedeiro intermediário e a infecção ocorre após contato com alimentos contaminados com fezes de cachorros (hospedeiro definitivo).
Causada pelo Echinococcus granulosus, a forma humana da doença se manifesta mais comumente pela presença de cistos hepáticos (65%). O envolvimento cardíaco, por sua vez, ocorre apenas em 0.2-2% dos pacientes e se dá por disseminação hematogênica.
Quando isso acontece, os cistos se localizam mais comumente no ventrículo esquerdo (10-42%), enquanto que o acometimento do ventrículo direito ocorre em aproximadamente 10-31%. Ainda, podem ser vistos menos frequentemente nos átrios, pericárdio e artéria pulmonar. Outra forma de apresentação é exercendo efeito de massa por compressão extrínseca.
A maioria dos pacientes evolui de forma assintomática, sendo o cisto hidático considerado um achado em exame de rotina. Contudo, existe grande preocupação pela possibilidade de ruptura desses cistos, podendo levar à quadros dramáticos como choque anafilático, tamponamento cardíaco, pericardite aguda e quadros embólicos. Existe maior risco de ruptura quando os cistos estão presentes no ventrículo direito (88%) quando comparado com o ventrículo esquerdo (37%).
Os cistos usualmente são únicos, ecolucentes, com diâmetro variando entre 3-5 cm, esféricos, com bordas bem definidas e comumente apresentam conteúdo septado no interior (chamados de “daughter cysts“). Normalmente tem localização intramiocárdica com protrusão para o interior das câmaras ventriculares.
Múltiplos cistos, contudo, podem ser visualizados em alguns casos, com diâmetros menores (em torno de 0.5 cm) ou se apresentando como cisto de maior diâmetro ocasionando distorção da anatomia cardíaca. Alteração da contratilidade segmentar, como acinesia ou discinesia, pode estar presente.
O tratamento medicamentoso com Albendazol resulta em remissão dos cistos em até 48% quando a doença é extra cardíaca. A eficácia específica desta terapia no acometimento cardíaco é desconhecida, motivo pelo qual a hidatidose cardíaca deve ser tratada cirurgicamente.
Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.
Muito bom