É muito comum termos dúvidas quanto à obtenção e interpretação do fluxo das veias pulmonares. Essa postagem é dedicada a todos que querem conhecer um pouco mais sobre o significado de cada um dos seus componentes. Vamos lá?
Mas primeiro, como obtemos o fluxo das veias pulmonares?
Ao ecocardiograma transtorácico, damos preferência à obtenção do fluxo da veia pulmonar superior direita por seu alinhamento com o cursor do Doppler. A técnica segue os seguintes passos:
- Utilizar o plano apical de 4 câmaras, com discreta angulação anterior, para que parte da valva aórtica fique aparente;
- Posicionar o volume amostra (que pode medir até 4 mm) entre 1 e 2 cm da desembocadura da veia pulmonar superior direita (figura 1);
- Utilizar o Doppler colorido com limite de Nyquist regulado para baixas velocidades (<40 cm/s).
Agora vamos à interpretação das curvas obtidas…
- Onda S – de sístole ventricular
É a onda formada pelo fluxo das veias pulmonares em direção ao átrio esquerdo, durante a sístole ventricular. O que ocorre nesse momento é o relaxamento das paredes do átrio esquerdo e a tração do seu assoalho em direção ao ventrículo contraído, o que provoca aumento da cavidade atrial, com redução da pressão intracavitária e consequente fluxo sanguíneo das veias em direção ao átrio.
Esta onda pode ter um único pico (figura 2) quando estes dois componentes se fundem no tempo (relaxamento e tração) ou possuir dois picos (figura 3), em que o primeiro corresponde ao relaxamento atrial, e o segundo, à tração do assoalho.
- Onda D – de diástole ventricular
Corresponde à onda de fluxo das veias pulmonares em direção ao ventrículo esquerdo, utilizando o átrio esquerdo como condutor, durante a diástole ventricular (figura 2). Em crianças e adultos jovens, este componente geralmente é maior que o sistólico, devido à maior complacência do ventrículo esquerdo. À medida que envelhecemos e o ventrículo vai se tornando mais rígido, os componentes sistólico e diastólico tendem a se equalizar ou o sistólico se torna mais importante.
- Onda A ou Ar- de contração atrial ou fluxo atrial reverso
Corresponde à onda de fluxo reverso em direção às veias pulmonares, provocada por dois fenômenos: contração atrial, que aumenta a pressão do átrio esquerdo, superando a pressão das veias pulmonares; e fechamento valvar mitral, que empurra o sangue para dentro do átrio esquerdo. Geralmente, esses componentes se fundem e o resultado é uma onda única (figura 2), porém em algumas situações conseguimos distinguir os dois picos (figura 4).
Particularidades
- Quando o paciente está em fibrilação atrial, as paredes atriais não têm fases de contração e relaxamento definidas. Portanto, a onda S fica reduzida ao componente de tração do assoalho e a onda A é composta apenas pelo fechamento mitral (figura 5).
- Quando a pressão atrial está elevada, geralmente, a complacência da cavidade está reduzida, tornando o fluxo das veias em direção ao átrio cada vez mais dependente da diástole ventricular, pois a cavidade atrial não consegue mais relaxar adequadamente, o que leva à redução do componente S e aumento do componente D. Da mesma forma, ocorre aumento do componente reverso em direção às veias pulmonares (A), com aumento progressivo da sua velocidade e duração (figura 6).
- Na insuficiência mitral, o refluxo sanguíneo que ocorre para o átrio esquerdo na sístole ventricular pode provocar um fluxo retrógrado nas veias pulmonares, com reversão da direção do componente sistólico (figura 7).
E então? Gostaram desta breve revisão? Têm alguma dúvida, sugestão ou opinião? Deixem nos comentários e até o próximo post!
Para mais conteúdo como esse, continue acompanhando nosso blog!
Graduada em medicina, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É pós-graduada em Cardiologia, pela Funcordis, e em Ecocardiografia, pela ECOPE. Possui título de Especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Excelente. Grato
Muito obrigada, Alfredo!!!
Muito bom !
Muito obrigada, Luiz!!!
Postagem sucinta e didática! Obrigada!
Muito obrigada, Elane!!!
Excelente!!! Muito obrigada!!!
Muito obrigada, Daniella!!
Ótimo mesmo. Muito bem explanado. Gostei. Obrigado
Excelente artigo! Obrigada!!!
Super didática! Arrasou Kili
Obrigada, Aninhaaaa!! :*