Estima-se que nasçam cerca de 30 mil crianças cardiopatas todos os anos no Brasil
Por Mayra Rodrigues
De 3 a 7 de junho, na Escola de Ecografia de Pernambuco (ECOPE), médicos cardiologistas fizeram o curso de ecocardiografia pediátrica. O Objetivo foi o treinamento básico e intermediário com prática intensiva nas técnicas de ecocardiografia pediátrica, abrangendo desde as noções de embriologia até as cardiopatias complexas e pós-operatório.
O Ecocardiograma Pediátrico é fundamental para identificar possíveis problemas no coração das crianças. Um exame imprescindível do nascimento até os 3 anos de idade.
Segundo estimativas do Sistema Único de Saúde (SUS), a cardiopatia congênita é a terceira maior causa de mortes de bebês antes de completar 30 dias e corresponde a cerca de 10% das causas dos óbitos infantis e de 20% a 40% dos óbitos decorrentes de mal formações. Estima-se que nasçam cerca de 30 mil crianças cardiopatas todos os anos no Brasil.
O bloco teórico contou com aulas de clínica das cardiopatias congênitas, noções de embriologia, análise sequencial, cardiopatias congênitas acianogênicas e cianogênicas, procedimentos intervencio-nistas e cirúrgicos paliativos e corretivos nas cardiopatias congênitas e avaliação pós-operatória.
O bloco prático foi desenvolvido em ambulatório com boxes amplos, vários modelos de equipamentos e supervisão de professores e monitores. Para sabermos, de acordo com o Ministério da Saúde, a prática do pré-natal, por exemplo, representa papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante.
Nesta matéria, Mariana Carvalho, cardiopediatra monitora da Escola de Ecografia de Pernambuco (Ecope), que ensina médicos a fazerem o exame de ecocardiograma, tira algumas dúvidas sobre o tema:
O exame exige algum preparo especial para essas crianças?
O exame não demanda nenhum tipo de preparo. Não há necessidade de jejum, porque não realizamos sedação no consultório.
O choro ou agitação atrapalham o exame?
O choro e a agitação atrapalham a avaliação, por vezes, impossibilita o exame. Mas sempre usamos brinquedos e vídeos na tentativa de manter as crianças tranquilas.
Todas as crianças devem fazer exame?
Não há necessidade de todas as crianças fazerem o exame. Só há indicação se tiver alguma alteração no exame físico, RX ou eletro que justifiquem. Bem como crianças do grupo de risco, como filhos de diabéticas e bebês com síndromes.
A ecocardiografia pode prejudicar o bebê ou a criança?
Não. Os exames de ecocardiografia realizam-se sem perigo há mais de 30 anos, não tem radiação e não causam nenhum tipo de dor.
Qual a diferença de uma ultrassom na gestante e uma eco do feto na barriga?
Um ultrassom normal vê a formação do bebê e seus órgãos de maneira geral. O eco fetal vê os detalhes do coração e os principais vasos do feto.
Há quanto tempo é médica cardiologista? Há quanto tempo faz eco pediatria?
Sou cardiopediatra desde 2011, mas iniciei minha vida no eco pela necessidade de entender ainda mais dos pequenos corações. Assim, comecei pelos caminhos da ecocardiografia pediátrica no início de 2018.
Houve algum caso que nunca esqueceu? Foi emocionante?
Cada caso dentro da pediatria é único. Uma criança, uma família, uma história. Tenho inúmeras histórias marcantes, daquelas que parecem ter saído de um livro ou filme. Crianças guerreiras, famílias heroicas. Impossível enumerar o que já vi, já vivenciei.
Mas me marcou muito uma pequena menina que depois de
muito tempo grave na UTI, acordou na noite de Natal. Ali, sempre tive fé, tive a certeza de que milagres existem.
Sendo mãe e médica que escuta o coração de bebês, qual a sensação? Como é poder ouvir o órgão que
bombeia sangue para o corpo todo de um ser humano ainda em formação?
Lidamos com o bem mais precioso de uma família: o filho! É duro dizer a uma mãe que seu esperado filho não vem perfeito, ou mesmo, que temos pouco a oferecer. É difícil dizer a uma mãe que seu filho se foi.
Como mãe, aprendi ainda mais a ter empatia pelas outras mães. Me coloco no lugar delas e não me vejo passando por tanta angústia. Tento dar o meu melhor por meus pequenos pacientes. Em contrapartida, diante de tanta dor e sofrimento, dar alta a uma criança (e consequentemente sua família) depois de tanto sufoco, não tem preço.
Por vezes, somos abraçados pelas famílias e choramos juntos. Às vezes, de alegria; outras, nem tanto. Mais legal ainda é quando estes pequenos voltam crescidos. E suas famílias com o coração grato. Fazer o que gosta é o que faz a diferença. Temos dias de caos, mas temos inúmeros, para não dizer a maioria, de glória.
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