Ecocardiografia Esportiva: Atualização da Diretriz Britânica – Cardiomiopatia Dilatada

Continuando com a atualização da British Society of Echocardiography sobre a avaliação ecocardiográfica de atletas jovens, trago aqui o que o documento traz sobre a cardiomiopatia dilatada (CMPD).

Oxborough et al. Echo Research & Practice (2025) 12:7

#CARDIOMIOPATIA DILATADA (CMPD):

Dilatação das quatro câmaras cardíacas é característica dos atletas de endurance, porém também pode ser observada em outras modalidades com grande componente dinâmico, como futebol e rugby. O ponto chave aqui é um aumento balanceado das cavidades cardíacas.

Nos atletas com dilatação cavitaria, o padrão adaptativo é acompanhado de função diastólica normal ou supernormal, ou seja, fluxo transvalvar com velocidades normais ao Doppler pulsátil, bem como a análise do Doppler tissular do anel mitral normal falam contra o fenótipo patológico.

O termo cardiomiopatia dilatada faz referência a um grupo heterogêneo de doenças do miocárdio caracterizado por dilatação do ventrículo esquerdo ou biventricular associada a alteração regional ou global da função sistólica do VE que não são explicadas por doenças relacionadas ao aumento da pós-carga, como hipertensão arterial sistêmica, doença valvar ou por coronariopatia.

Alterações genéticas, sequela pós-infecciosa, toxicidade por agentes exógenos (álcool, cocaína), doenças autoimunes, taquicardiomiopatia podem resultar em CMP dilatada.

Alguns pacientes, porém, podem apresentar a doença sem disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, podendo gerar confusão diagnóstica (zona cinzenta).

A dilatação “benigna” normalmente ocorre entre praticantes de endurance (ou atividade com predomínio de componente dinâmico) altamente treinos e assintomáticos. Portanto, a presença de dilatação ventricular esquerda (ou do ventrículo direito) em participantes de modalidades com baixo componente aeróbico deve levantar suspeitas para a possibilidade de doença.

Por outro lado, atletas que se apresentem com perda de performance ou baixa capacidade aeróbica, histórico familiar de cardiomiopatia ou com arritmias ventriculares malignas documentadas, no contexto de dilatação cavitária, devem ser considerados de alto risco para cardiomiopatia dilatada.

Aqui (zona cinzenta) não existem valores de dimensões das cavidades cardíacas que sejam sensíveis ou específicos para o diagnóstico de CMP dilatada. Isso porque pode haver sobreposição entre a magnitude da dilatação pela adaptação induzida pela atividade física de alta intensidade e a doença propriamente dita.

Além da dilatação, a presença de afilamento da parede miocárdica, aumento isolado do VE e alteração da contratilidade segmentar podem sugerir doença.

Atleta de endurance: DDVE 63 mm, DBVD 43 mm, diástole normal (E/A 1,9, e´ lateral 25 cm/s, e´ septal 15 cm/s), SGL 22% indicando padrão adaptativo

Em relação ao strain, valores < 17% do SGL devem levantar suspeitas para cardiomiopatia dilatada em atletas, por vezes necessitando de investigações complementares.

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Luciana Ramiro

Muito bom!

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