ECOCARDIOGRAFIA DE ESTRESSE – PARTE 3

Guideline ASE 2020:

Em 2020 a Sociedade Americana de Ecocardiografia publica um guideline sobre eco de estresse, com importantes recomendações para indicações, contraindicações, tipos de eco de estresse, aspectos técnicos sobre a realização dos exames e a interpretação dos resultados (1).

Devido à eco de estresse ter a capacidade de induzir isquemia e, potencialmente, complicações cardiovasculares, a seleção de pacientes deve ser rigorosa e realizada por pessoal devidamente capacitado e treinado para lidar com situações de emergência. Qualquer situação que torne o exame inseguro deve ser detectada. Por exemplo, valvopatia em pacientes sintomático, infarto agudo do miocárdio, tamponamento cardíaco, aortopatias importantes, etc.

Do ponto de vista da aquisição das imagens, a observação de vários ciclos cardíacos em cada conjunto de imagens melhora a interpretação. Várias imagens devem ser realizadas no pico do estresse para evitar distorções pela posição do transdutor. São muito importantes as imagens na fase tardia da recuperação, pois podem detectar miocárdio atordoado.

Importante conhecer os tipos de resposta normal ou patológica ao eco estresse nas diferentes modalidades, o que está resumido na Tabela 1.

Tabela 1. Resposta dos diferentes tipos de estresse.

Importante lembrar que a isquemia provoca mudanças na função diastólica ventricular, pelo que o registro do fluxo mitral, do Doppler tissular e da relação E/e’ podem ser importantes parâmetros a ser observados.

Relatório do eco de estresse:

Algumas recomendações importantes estão resumidas abaixo:

  • Motilidade regional das paredes no exame basal.
    • Número, localização e grau das alterações regionais ou globais.
    • Presença de paredes afiladas ou com espessamento.
    • Avaliação da fração de ejeção.
  • Mobilidade regional das paredes durante o estresse.
    • Número, localização e severidade das anomalias regionais ou globais.
    • Estimar a FE em resposta ao estresse.
    • Estimar o VSF em resposta ao estresse.
    • A resposta deve incluir vários estágios do estresse.
    • A imagem deve ser adequada, mencionar se houve dificuldade de obtenção.
    • Ao usar contraste, indicar o tipo e a dose.
  • Tipo de protocolo de estresse.
    • Dose dos agentes em estresse farmacológico.
    • Adequação do estresse (frequências máxima e submáxima para a idade).
  • Carga utilizada no estresse físico adequada à idade do paciente.
  • Qual a FC alvo utilizada para o estresse com Dobutamina (máxima, submáxima).
  • Se não foi detectada isquemia, mas o exame foi inadequado, deve-se especificar qual elemento diminui a sensibilidade.
    • FC e pressão arterial em cada estágio.
    • Dados do ECG, se houve ou não isquemia ou arritmias.
    • Sintomas durante o exame.
  • Recomenda-se incluir um diagrama gráfico das alterações encontradas.
  • Incluir dados adicionais de interesse do eco de repouso.
  • Em pacientes que apresentaram dispneia, incluir os dados da função diastólica, pressão do VD e oximetria de pulso.
  • Interpretação global.
    • Normal, isquêmico, com anomalia de contração que não muda, ou combinação de dados.

Em alguns casos é importante avaliar a contratilidade e função do VD, principalmente em lesões da coronária direita. A diminuição do TAPSE >4 mm durante o estresse físico apresenta razoável sensibilidade para obstrução proximal da coronária direita.

A utilização do strain e do strain rate durante ou após a realização de eco de estresse são considerados pelo guideline como métodos quantitativos, ou seja, independentes da experiência do examinador, embora necessitem de amplo conhecimento do método.

O aparecimento de contração pós-sistólica durante o eco de estresse é um dos principais indicadores de isquemia durante os exames com Dobutamina.

Na Figura 1 temos um exemplo.

Figura 1. Contração pós-sistólica (CPS) em paciente que apresentou hipocinesia da parede inferior durante a realização de eco de estresse com Dobutamina.

Bibliografia.

  1. Pellikka PA, Arruda-Olson A, Chaudhry FA et al. Guidelines for performance, interpretation, and application of stress echocardiography in ischemic heart disease: From the American Society of Echocardiography. J Am Soc Echocardiogr 2020; 33(1):P1-41.E8.

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