Cálculo do débito sistólico e da área valvar aórtica pela equação de continuidade
Em algumas circunstâncias há necessidade de realizar alguns cálculos durante a realização do ecocardiograma transesofágico.
Nos exames intraoperatório ou intra procedimento, muitas vezes devemos calcular o débito sistólico para fins de avaliação da função ventricular esquerda. Em casos de estenose valvar aórtica, principalmente as que não permitem determinar a área por planimetria devido à intensa calcificação, devemos calcular a área pela equação de continuidade. Para ambas as medições utilizamos a mesma metodologia.
Cálculo do débito sistólico
O débito sistólico do VE determina-se multiplicando a área da via de saída (a partir do diâmetro da mesma) pela integral do fluxo da via de saída do VE obtido com Doppler pulsátil.
O melhor corte para determinar o diâmetro da via de saída do VE é obtido pelo esófago médio (aproximadamente 30 cm da arcada dentária), na posição longitudinal (ângulo de 120-130 graus), durante a sístole, ou seja, com a valva aórtica aberta.
Para obter o fluxo da via de saída do VE alinhado com o Doppler, o melhor corte é o transgástrico profundo a zero graus.
Para obtê-lo, deve-se introduzir o transdutor no estômago (cuidado ao passar pelo cárdias, pois pode provocar incômodo para o paciente), com o ângulo do cristal em 0 graus.
Alinhando o Doppler com o fluxo da via de saída e da aorta, podemos obter:
- Fluxo da via de saída com Doppler pulsátil.
- Fluxo da aorta com Doppler contínuo.
Cálculo da área aórtica por continuidade
Utilizando os mesmos cortes ecocardiográficos do transesofágico, calculamos a área da via de saída, a integral do fluxo da via de saída (Doppler pulsátil) e a integral do fluxo aórtico (Doppler contínuo).
Assim,
Área aórtica = Área da VSVE (d².0,785) x VTIVSVE / VTIAO
Até a próxima!
É doutor em medicina, especialista em Cardiologia (SBC) e especialista em Ecocardiografia.
Curriculum completo disponível na Plataforma Lattes
(http://lattes.cnpq.br/4922446519082204)
Para se ter segurança que estamos com a sonda inserida adequadamente para avaliação de corte transgastrico e transgastrico profundo quais as referências anatômicas ou só simplesmente observar a marcação da sonda a aproximadamente 40 cm da arcada? Grata
Prezada Dra Clarisse,
A profundidade é um parâmetro, mas depende do tamanho do paciente, podendo variar bastante.
As marcas anatômicas mais importantes são, no eixo curto, a imagem do VE com os músculos papilares, como se fosse um transversal do transtorácico e, também no eixo curto, a vista da valva mitral em corte transversal.
No transgástrico profundo aparece a VSVE lá no fundo da imagem.