Apesar de diversos estudos descrevendo os aspectos anatômicos e ecocardiográficos da comunicação interatrial (CIA) tipo seio venoso inferior, muitas vezes diferenciá-la de uma CIA ostium secundum (OS) ampla com extensão inferior pode ser um verdadeiro desafio.
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A CIA tipo seio venoso inferior é um defeito congênito raro que não envolve a região da fossa oval, correspondendo a 5-10% das comunicações interatriais.
Anatomicamente, corresponde a um defeito no segmento póstero inferior do septo interatrial que resulta na comunicação entre os átrios esquerdo e direito na desembocadura da veia cava inferior.
Para um correto diagnóstico é necessário uma fossa oval íntegra e um orifício da veia cava inferior que se sobrepõe ao defeito. Além disso, frequentemente há drenagem anômala de veias pulmonares associada (sendo, inclusive, considerada como critério diagnóstico por alguns – mas nem todos – autores).
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March 2017
Para tentar ajudar no diagnóstico ecocardiográfico, através do estudo transtorácico, uma publicação avaliou a ausência da borda posterior (“posterior rim“) do defeito do septo interatrial, no eixo paraesternal curto, como elemento diagnóstico de CIA tipo seio venoso inferior.
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March 2017
Antes, vamos relembrar a anatomia do defeito do septo interatrial.
Se considerarmos uma CIA tipo OS, temos que ter o entendimento de que o defeito está rodeado por estruturas cardíacas vitais ao longo de sua circunferência.
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Anteriormente, em direção ao esterno, temos a aorta ascendente e o seio aórtico; superior e levemente posteriormente temos a veia cava superior; posteriormente, veias pulmonares; na região póstero inferior, temos a veia cava inferior; inferior e anteriormente temos as valvas atrioventriculares.
Foram avaliados, retrospectivamente, 15 pacientes com o diagnóstico cirúrgico confirmado de CIA tipo seio venoso inferior e comparados com 14 outros (controle) com diagnóstico de CIA tipo OS. A ideia foi determinar a acurácia diagnóstica da presença ou ausência da borda posterior vista no eixo curto da janela paraesternal.
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March 2017
Desta forma, a ausência da borda posterior do defeito do septo interatrial no eixo curto seria favorável ao diagnóstico do CIA tipo seio venoso inferior, enquanto que a presença desta seria compatível com o diagnóstico de uma CIA tipo OS ampla.
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March 2017
Dos pacientes avaliados, 11 (73%) apresentaram drenagem anômala de veias pulmonares. Todos os 15 pacientes com diagnóstico cirúrgico de CIA tipo seio venoso inferior não tinham a borda posterior visualizada no eixo curto da janela paraesternal.
Por outro lado, todos os 14 pacientes com diagnóstico de CIA tipo OS tinham a borda posterior (ou um remanescente) visível ao ecocardiograma transtorácico.
Todos os pacientes foram avaliados, de forma blindada, por 3 ecocardiografistas com muita experiência, sendo dois destes já familiarizado com o critério da borda posterior.
Entre os dois avaliadores que já consideraram este critério, o diagnóstico correto ocorreu em 90% dos casos (CIA tipo seio venoso inferior foi corretamente diagnosticada em 80-87% dos casos e a CIA tipo OS, em 93-100% dos casos).
Quando avaliado pelo ecocardiografista que não levou em consideração o critério da borda posterior, o diagnóstico correto ocorreu em 60% (9/15 pacientes) dos casos de CIA tipo seio venoso inferior e em 100% dos casos de CIA tipo OS.
Logo em seguida, os exames foram blindados novamente e foi solicitado para que este último avaliador levasse em consideração o critério proposto pelo estudo. Desta vez, o diagnóstico correto de CIA tipo seio venoso inferior saiu de 60% para 87% (13/15), contudo errou o diagnóstico de CIA tipo OS em 3 casos.
Os mesmos exames também foram avaliados por ecocardiografitas em treinamento (residentes), sendo dois residentes de primeiro ano e 3 do segundo ano.
Sem levar em consideração o critério da borda posterior, o diagnóstico correto de CIA tipo seio venoso inferior ocorreu em apenas 34.7% dos casos e em 92,5% dos casos de CIA tipo OS.
Com a utilização do critério, a acurácia diagnóstica melhorou para 72% (P < 0.0001) enquanto que para o diagnóstico de CIA tipo OS não houve melhora significativa.
Incluindo todos os ecocardiografistas, o uso do critério da borda posterior resultou em um aumento estatisticamente significativa da acurácia diagnóstica (AUC = 0.67 –> 0.81) de CIA tipo seio venoso inferior, sem diferença para o diagnóstico de CIA tipo OS.
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March 2017
Uma segunda análise avaliou 237 pacientes com diagnóstico cirúrgico de CIA tipo OS, dentre os quais 6 foram erroneamente diagnosticados com CIA tipo seio venoso inferior durante avaliação ecocardiográfica pré operatória.
Todos esses seis pacientes tinham uma CIA tipo OS ampla com extensão inferior e apresentaram, durante a análise ecocardiográfica retrospectiva, pelo menos uma borda posterior rudimentar, mas visível. Ou seja, se utilizado o critério de borda posterior, todos teriam tido o diagnóstico correto de CIA tipo OS e não do tipo seio venoso inferior.
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March 2017
A presença da borda posterior, portanto, pode ser uma “dica” ecocardiográfica útil na diferenciação entre CIA tipo OS ampla com extensão inferior de CIA tipo seio venoso inferior.
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Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.
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