A pressão capilar pulmonar é um importante parâmetro relacionado com a ocorrência de eventos cardiovasculares e mortalidade.
Normalmente, o seu valor é obtido durante o cateterismo cardíaco impactando um cateter venoso em uma artéria pulmonar, o que, pelo efeito de câmara comunicante, permite estimar a pressão à jusante do ponto de oclusão. O mesmo efeito é obtido colocando um cateter de Swan-Ganz em artéria pulmonar insuflando o balão para provocar a oclusão do vaso.
A ecocardiografia Doppler, pela capacidade de detectar velocidade e direção dos fluxos, assim como pela obtenção de gradientes pela equação de Bernoulli, pode determinar, por meio de estudos comparativos com a hemodinâmica, determinar a pressão capilar pulmonar.
Existem vários métodos para esse propósito:
- Pela relação entre a velocidade da onda E mitral e a velocidade da onda e’ do Doppler tecidual, conhecida como método de Nagueh:
PCP = 1,24 x (Em /e’) + 1,9
Esta equação apresenta correlação de 0,75 (1) quando a função sistólica do VE está relativamente preservada (FE >40%).
- Pela relação entre a velocidade da onda E mitral e a velocidade de propagação do fluxo obtida pelo modo M em cores. Para o cálculo da PCP usa-se a fórmula:
PCP = 5,7 x (E/VP) + 4,6
Este método deve ser usado quando a função sistólica do VE está deprimida (FE <40%) apresentando correlação de 0,80 (2).
- Utilizando o tempo de aceleração do fluxo da via de saída do VD (TAC), pela fórmula:
PCP = 65 – (0,5 x TAC)
Este método apresenta correlação de 0,84 quando comparado com o cateterismo cardíaco (3).
Referências.
- Nagueh SF et al. Circ Cardiovasc Imaging 2011;4:220.
- Garcia MJ et al. J Am Coll Cardiol 1997; 29:448.
- Granstam SO et al. Cardiovasc Ultrasound 2013; 11:7.
É doutor em medicina, especialista em Cardiologia (SBC) e especialista em Ecocardiografia.
Curriculum completo disponível na Plataforma Lattes
(http://lattes.cnpq.br/4922446519082204)
Muito obrigada pela publicação. Essa é uma ferramenta muito útil para reconhecimento precoce de ICC agudizada. Tenho uma duvida: quais são as condições que comprometem cada uma das técnicas de avaliação? Por exemplo: em casos de regurgitação mitral significativa com função miocárdica preservada, sabe-se que a relação Em/E’ perde a correlação com a pressão de enchimento de VE, o que me levar a acreditar que tenha também influência sobre o interpretação do cálculo da pressão capilarial pulmonar. Meu raciocínio está correto? Grata
Dra. Valéria, certamente condições que alteram a relação E/e’ como o refluxo mitral, irão alterar e até invalidar o cálculo da PCP. Em casos de disfunção ventricular importante, por exemplo, a relação E/e’ pode estar alterada pelo baixo débito (diminuição da onda E mitral) ou pela disfunção mecânica (diminuição da onda e’ tissular). Nesses casos é melhor utilizar a relação E/velocidade de propagação.
ótimo e bem prático