Banda Moderadora: aspectos anatômicos e funcionais

A banda moderadora é uma estrutura muscular proeminente, identificada em até 92% dos pacientes (melhor visualizada na janela apical 5C), que se origina no septo interventricular e se estende até a parede anterolateral (parede livre) do ventrículo direito (VD), como base do músculo papilar anterior. Quando se origina ao longo da banda septal da crista supraventricular (com a banda parietal sendo a outra extremidade) é chamada de trabeculação septomarginal.

É uma marca anatômica importante na caracterização morfológica do ventrículo direito no contexto das cardiopatias congênitas (imagem b.). Seu papel funcional é servir como suporte para o músculo papilar anterior e também para direcionar o fluxo da via de entrada para a via de saída do VD. Ainda, pode atuar na limitação da distensão (por isso a origem da denominação “moderadora” por King em 1837) do VD, especialmente nos casos de infarto do ventrículo direito.

Rajiah et al. radiographics.rsna.org, 2019

Possui tecido do sistema de condução, incorporando o ramo direito do feixe de His e pode ser foco de arritmias, como taquicardia ventricular, bem como de vias acessórias atriofasciculares (origem da famosa taquicardia de Mahaim). Sua irrigação se dá pelo primeiro ramo perfurante septal da artéria descendente anterior, denominado por alguns como “artéria para a banda moderadora”.

Arrhythmia & Electrophysiology Review 2019;8(4):294–9

Como fica localizada adjacente à região usualmente utilizada para realização de reparo de comunicações interventriculares na região apical, quando a abordagem cirúrgica se dá por via atrial direita, pode ser causa de bloqueios atrioventriculares iatrogênicos resultantes da manipulação/remoção da banda moderadora. Por outro lado, estudos já relataram casos de sucesso de tratamento de batimentos prematuros ventriculares com ablação da banda moderadora.

Usualmente é constituída por uma banda única (às vezes, duas), aderida aos músculos papilares. Tem orientação transversa, mas ocasionalmente pode ser vertical. No plano transverso, tem localização mais comum na região média (47%) ou apical (40%) do VD do que na região basal (próxima à valva tricúspide).

Em estudo com 100 cadáveres (Loukas et. al), o comprimento médio da banda moderadora foi de 16,2 mm (+- 2,3 mm) e espessura média de 4,5 mm (+- 1,8 mm).

A inserção septal normalmente ocorre na porção média do VD, porém pode ocorrer mais baixa no septo, sendo difícil a diferenciação com trabeculação, ou superiormente (próximo a valva pulmonar) – resultando nestes casos, em ventrículo direito dupla câmara).

Tem configuração variada, sendo mais comumente espessa e curta (42%), contudo pode ser curta e delgada (24%), longa e delgada (14%) ou longa e espessa (12%).

Quando proeminente e hipertrofiada, pode ser confundida com trombo na região apical do VD, sobretudo em pacientes com hipertensão pulmonar, estenose pulmonar, tetralogia de Fallot e VD dupla câmara.

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Dra. Mariela Abreu

Acabas de despejar mis dudas previo a informar un doppler cardíaco donde tenía varios diagnóticos diferenciales en mente para una imagen intracavitaria ventricular derecha. Excelente reseña!

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