A avaliação da função diastólica em pacientes com taquicardia sinusal torna-se mais difícil, devido à fusão (parcial ou completa) das velocidades E e A do fluxo mitral diastólico e às alterações hemodinâmicas que podem ocorrer, tornando a relação E/A um parâmetro menos confiável para análise.
Em pacientes com fibrilação ou flutter atriais, a ausência de atividade atrial organizada e/ou coordenada com o ventrículo esquerdo também leva a dificuldades na interpretação da curva do fluxo mitral. Além disso, o volume do átrio esquerdo pode estar aumentado nestas situações, sem que isto esteja relacionado ao aumento das pressões de enchimento do VE, e sim, ao desarranjo miofibrilar que ocorre nas taquicardias atriais prolongadas.
Portanto, o que podemos fazer, nessas situações, é estimar as pressões de enchimento do VE, utilizando parâmetros que descreveremos a seguir, mas a graduação da disfunção diastólica não é possível ou recomendada.
Taquicardia Sinusal
- Influxo mitral com predomínio de enchimento precoce, em pacientes com fração de ejeção < 50%
- Fração sistólica do fluxo pulmonar ≤ 40%
- Velocidade do refluxo tricúspide > 2,8 m/s
- Tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV) ≤ 70 mseg
- Relação E/e’ média ≥ 14
- Relação TRIV/(TE – Te’)
Fibrilação / Flutter Atrial
- Velocidade do refluxo tricúspide > 2,8 m/s
- Tempo de desaceleração (TD) da onda E mitral ≤ 160 mseg, em pacientes com fração de ejeção reduzida
- Tempo de aceleração da onda E mitral ≥ 1,900 cm/s²
- Tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV) ≤ 65 mseg
- Tempo de desaceleração (TD) da onda D do fluxo pulmonar ≤ 220 mseg
- Relação E/Vp (velocidade de propagação) do fluxo mitral ≥ 1,4
- Relação E/e’ septal ≥ 11
Temos muitas variáveis para levar em consideração na análise da função diastólica em vigência de arritmia. Mas não se preocupem, pois estas dúvidas assolam quaisquer ecocardiografistas, mesmo os mais experientes. Então não se aflijam em se obrigar a graduar a disfunção em todos os pacientes.
Vimos que não é possível nestas situações, mas podemos ajudar os cardiologistas clínicos identificando aqueles pacientes que possuem pressões de enchimento aumentadas e, portanto, com maior probabilidade de desenvolver sintomas ou eventos cardiovasculares.
Gostaram da postagem? Têm alguma sugestão ou dúvida? Deixem nos comentários! Até a próxima!
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Graduada em medicina, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É pós-graduada em Cardiologia, pela Funcordis, e em Ecocardiografia, pela ECOPE. Possui título de Especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Bacana , muito pertinente o comentario !!
Na Taquicardia Ventricular tb temos alterações na interpretação de ondas E/A?
Sim. Existe diferença de interpretação porque o tempo de relaxamento se reduz de forma importante. Mas é improvável que você consiga avaliar um paciente com taquicardia ventricular num ecocardiograma. A incidência de taquicardia ventricular estável é muito baixa. Normalmente o paciente está instável ou em parada cardiorrespiratória. 🙂