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Anatomia Ecocardiográfica do Átrio Direito

O átrio direito (AD) é a primeira câmara cardíaca a receber o sangue desoxigenado proveniente das veias cavas superior e inferior e do seio coronário. Em caráter funcional, atua como um reservatório durante a sístole ventricular e como conduto e bomba propulsora durante a diástole ventricular.

O reconhecimento de estruturas anatômicas normais e suas variantes evita diagnósticos equivocados e ajuda a programar procedimentos invasivos, diminuindo a incidência de complicações.

O AD é dividido em duas partes: o seio venoso (localizado posteriormente) e o apêndice atrial direito (localizado anteriormente). o seio venoso é conectado medialmente ao átrio esquerdo (AE) e posterolateralmente com a crista terminalis, que, por sua vez, tem um formato crescente (em C) e é formada por musculatura lisa.

A parede lateral do AD é composta pela veia cava superior (VCS) e veia cava inferior (VCI). A VCS desemboca na parede posterolateral superior, enquanto a VCI na parede posterolateral inferior.
A crista terminalis se estende da VCS para a VCI, ao longo da parede lateral do AD. Embriologicamente, a crista terminalis se desenvolve do septo espúrio (formado pela fusão do seio venoso embrionário e parte do AD).

A parte medial do AD é composta pelos septos interatrial e atrioventricular. A fossa oval é uma membrana fina, de margem mais proeminente (limbo) e se localiza na porção média da parede posterior do AD, bem acima e à esquerda da abertura da VCI.

Variantes anatômicas

janela Apical 4C – crista terminalis proeminente
Ecocardiograma transesofágico – válvula de Eustáquio

A rede de Chiari é um remanescente congênito da válvula direita do seio venoso, presente em até 4% da população, e pode estar associada à existência de aneurisma de septo interatrial e forame oval patente. É uma estrutura em rede, mais redundante, oscilante e fenestrada que a válvula de Eustáquio, geralmente conectada ao AD em uma ou mais regiões.

Rede de Chiari
Rede de Chiari

Estruturas normais do AD são comumente confundidas com trombos. Nesse contexto, a história clínica é imprescindível para confirmação diagnóstica. A presença de arritmias atriais, disfunção sistólica ventricular direita e dispositivos intracardíacos favorecem a formação de trombos intracavitários e, em algumas condições, o aparecimento de vegetações endocárdicas.

Além disso, os tumores cardíacos também fazem parte do diagnóstico diferencial com a estruturas anatômicas habituais e suas variantes. Mas isso pode ser assunto para uma próxima publicação. O que acha?

Nem sempre a diferenciação é algo simples de se fazer por limitação do método. Abaixo, um exame de paciente do sexo feminino, 65 anos, assintomática, com histórico de evento trombótico prévio: ESQ – ecocardiograma demonstrando imagem ecogênica no teto do átrio direito; DIR – ressonância magnética cardíaca descrevendo imagem como “hipertrofia da crista terminalis (variante), que associado a valva de Eustáquio , simula imagem de pseudo massa”.

E aí, você pode se questionar: caramba, precisei de uma ressonância para definir uma estrutura anatômica sem significado patológico! Não teria sido um exagero e desperdício de recursos? Nada disso! É uma situação, por vezes, desafiadora que até já foi motivo de publicação:

A- imagem em T2 com “massa” demonstrando intensidade de sinal semelhante à do miocárdio e excluindo lipoma. B – sequência em T2 com supressão de gordura. C – cine confirmando “massa” aderida ao parede posterior do AD. D – ausência de realce anormal.

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