O aneurisma de apêndice atrial esquerdo (LAAA – left atrial appendage aneurysm) pode ser caracterizado por um aumento local ou difuso do apêndice atrial esquerdo e pode ter etiologia tanto congênita (90% dos casos) por displasia da camada muscular da parede atrial, como adquirida (relacionada a valvopatia mitral ou outras condições que levem ao aumento da pressão na cavidade atrial esquerda), como sugerem alguns dados na literatura. O achado histológico mais comum é de fibrose endocárdica ou miocárdica.
O diagnóstico desta patologia normalmente se dá entre a 3ª-4ª décadas de vida (provavelmente pelo aumento progressivo do aneurisma com o passar dos anos), como um achado incidental durante ecocardiograma eletivo, sendo mais comum no sexo feminino (mulher 52,5% x homem 44,6%). Com o advento da ecocardiografia fetal, há relatos na literatura de diagnóstico intrauterino.
Clinicamente, pode se manifestar de forma variável, sendo dispneia (28%), dor torácica (11.9%), palpitações por arritmias (fibrilação atrial/flutter atrial – 26,7%; taquicardia supraventricular 9.9%; arritmia sinusal 59,4%) e eventos embólicos (5.9%) apresentações possíveis. Pode haver compressão extrínseca da artéria coronária esquerda, levando à isquemia miocárdica.
A ecocardiografia, com suas diversas modalidades (transtorácico, transesofágico, 3D, uso de contraste), constitui a principal forma de diagnóstico. Além disso, a reconstrução anatômica pela tomografia computadorizada/ ressonância cardíaca auxilia na avaliação diagnóstica e programação terapêutica.
O achado de uma estrutura sacular de grandes dimensões associada a parede livre do átrio esquerdo é a descrição clássica do LAAA.
Em relação ao tamanho, os estudos descrevem dimensões variáveis, com o menor aneurisma relatado em uma série de revisão, apresentando 2.2 x 1.1 cm de diâmetro e o maior, 13,0 x 10,0 cm. Nesta revisão (M.R. Aryal, F.A. Hakim, S. Ghimire, S. Ghimire, S. Giri, A. Pandit, et al. Left atrial appendage aneurysm: a systematic review of 82 cases Echocardiography, 2014), o tamanho médio do aneurisma foi de 7.08 (+- 3.03) x 5.75 (+- 2.36) cm.
De forma geral, a ressecção cirúrgica do aneurisma é o tratamento de escolha dada as possíveis complicações associadas a esta situação, sobretudo eventos cardioembólicos.
É importante ressaltar que o uso de contraste ecocardiográfico é uma ferramenta importante para descartar a presença de trombo, informação essa fundamental para o planejamento cirúrgico.
Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.
Parabéns! Ótima revisão.