Os tumores malignos primários do coração são muito raros, constituindo aproximadamente 15% dos tumores cardíacos, e 95% deles são sarcomas. Linfomas e mesoteliomas representam os 5% restantes.
Sarcomas
Acometem principalmente pacientes entre 30-50 anos de idade (incomuns em crianças), sem predileção quanto ao sexo, sendo tipicamente encontrados nas cavidades direitas (predileção pelo AD e por ser uma grande massa são pontos importantes que podem auxiliar no diagnóstico).
São de rápido crescimento, altamente invasivos e fazem metástase de modo precoce. Podem causar insuficiência cardíaca direita por obstrução, obstrução da veia cava inferior ou dor precordial, e derrame pericárdico por acometimento pericárdico.
À ecocardiografia, podem estar anexados em qualquer local da cavidade cardíaca e muitos são sésseis.
O angiossarcoma é o tipo histológico mais comum dos sarcomas, e um dado interessante é que apesar de terem envolvimento com o pericárdio, resultando em derrame com ou sem tamponamento, a citologia do líquido frequentemente é inespecífica. São visualizados como massas lobuladas, heterogêneas, com áreas de hemorragia ou necrose, próximas da veia cava inferior e também do anel tricúspide (podendo levar à disfunção dessa valva). Geralmente não apresentam mobilidade (o que as diferencia dos mixomas e do fibroelastoma papilar), com base larga e implantação na superfície endocárdica, e invasão transmural até o pericárdio.
O leiomiossarcoma, assim como os demais sarcomas, apresentam-se como grandes massas, com a característica de serem invasivos e com realce tardio heterogêneo à ressonância magnética. Predomina na idade adulta, manifestando-se entre a quarta e quinta décadas de vida. Em pelo menos 80% dos casos tem origem no átrio esquerdo e pode envolver as valvas cardíacas.
O rabdomiossarcoma é mais comum em crianças, podem crescer em vários locais no coração (particularmente no átrio direito). Sua aparência à ecocardiografia lembra o mixoma e, por estarem em vários locais no coração, podem causar obstrução em níveis diferentes. Apresentam crescimento rápido e invadem precocemente o pericárdio, com prognóstico ruim.
OBS: as características ecocardiográficas não apresentam subsídios que permitam classificá-los, não permitindo uma distinção não invasiva confiável.
Linfoma cardíaco
São não Hodgkin, extraganglionares do tipo B, envolvendo apenas o coração e o pericárdio, e frequentemente associados a quadro de imunossupressão.
Visualizados como massa infiltrante homogênea, levando ao aumento da espessura da parede ou como massas nodulares, fazendo saliência para dentro das cavidades (preferencialmente direitas, particularmente o AD). Frequentemente apresentam derrame pericárdico e, dependendo da localização da massa, os sinais e sintomas de obstrução da entrada de sangue no coração direito predominam como síndrome da veia cava, bem como febre, perda ponderal e sudorese.
Para mais conteúdo como esse, continue acompanhando nosso blog!
Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.