*Escrito por Mayra Rodrigues
Você conhece o MitraClip? Um dispositivo médico usado no tratamento da regurgitação mitral para pacientes que não podem ser submetidos à cirurgia convencional. De acordo com o ecocardiografista e sócio-diretor da Escola de Ecografia de Pernambuco (Ecope, Eugenio Soares de Albuquerque, MitraClip ou “edge-to-edge mitral valve repair” é uma técnica de apreensão dos folhetos da valva mitral primordialmente nos scallops medianos (A2/P2), à semelhança da técnica cirúrgica de Alfieri, por via percutânea com o intuito de tratar ou minimizar alguns tipos de insuficiência mitral primária e secundária.
“O MitraClip é um procedimento novo. O primeiro implante deste dispositivo aconteceu em 2003. Somente em 2013 o MitraClip foi aprovado pelo FDA para ser utilizado nos EUA. No Brasil, esta técnica começou a ser usada em 2015, ano em que foi aprovada pela Anvisa”, esclarece Eugenio.
Segundo o ecocardiografista, o procedimento de MitraClip está indicado para o tratamento da insuficiência mitral especialmente para aqueles pacientes que têm contraindicações para a cirurgia convencional ou para aqueles com risco cirúrgico
muito elevado.
“O principal estudo randomizado utilizando o sistema MitraClip®, o EVEREST II (Endovascular Valve Edge-to- Edge Repair Study, NEJM, 2011), demonstrou uma segurança inicial do procedimento superior ao tratamento cirúrgico, com benefício importante na melhora da sintomatologia desses pacientes e manutenção dos benefícios do tratamento ao final de 2 anos de seguimento.
Outro estudo importante como o COAPT Trial (Cardiovascular Outcomes Assessment of the MitraClip Percutaneous Therapy for Heart Failure Patients with Functional Mitral Regurgitation, JACC, 2019) mostrou resultados muito promissores para os pacientes portadores de insuficiência mitral secundária submetidos ao procedimento de MitraClip”, explica.
Para o especialista, o procedimento de MitraClip não é um procedimento cirúrgico convencional. É realizado em sala de hemodinâmica com o paciente sob efeito de anestesia geral. “É realizado através de uma punção venosa (veia femoral), cateterizacão do átrio direito e punção transeptal para passagem do cateter guia (Steerable Guide Catheter) que contêm o Clip Delivery System (CDS). Após posicionamento adequado do clip, procede-se então a apreensão (grasp) dos folhetos/scallops da valva mitral.
Após o término do procedimento a recuperação do paciente habitualmente é rápida e a alta hospitalar usualmente se transcorre dentro de poucos dias, a depender de outras situações clínicas envolvidas”, pontua.
De acordo com o Eugenio Albuquerque, o ecocardiografista ocupa papel primordial nesse procedimento já que em todas as suas fases é o ecocardiograma transesofágico (bidimensional e tridimensional) que auxilia e guia o hemodinamicista na sua e execução. Obviamente, tanto o hemodinamicista quanto o ecocardiografista necessitam de um treinamento adequado para a execução do procedimento. É importante mencionar que, para o sucesso do procedimento, a seleção do paciente ideal é de suma importância e é justamente o ecocardiograma transesofágico prévio ao procedimento que indica
a viabilidade do MitraClip.
Alguns dados específicos obtidos durante o exame prévio são fundamentais para selecionar, indicar e predizer o sucesso do procedimento. “Finalizando, para garantir
o sucesso do procedimento, desde a indicação até a realização do procedimento de MitraClip, tudo isso deve passar pelo crivo de um heart team ou heart valve presente
hoje em dia nas instituições de referência em cardiologia”, destaca.
MitraClip pode ser uma alternativa terapêutica à cirurgia cardíaca para pacientes com insuficiência mitral
O sistema MitraClip consiste em novo dispositivo percutâneo para correção da insuficiência mitral (IMi) cujo desenvolvimento foi baseado na cirurgia que sutura o centro das duas cúspides mitrais, criando uma válvula com orifício duplo.
O método utiliza um clipe mecânico introduzido de maneira menos invasiva através da hemodinâmica. A utilização do sistema MitraClip no estudo EVEREST II demonstrou-
se factível em pacientes com insuficiência mitral (IMi), melhorando a segurança em relação à cirurgia ao final de 30 dias de seguimento, a despeito de uma menor efetividade aos 12 meses.
Fonte: http://socios.cardiol.br/noticias/hotsites/acc10/artigo04.asp
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Em 1984, se formou em medicina, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tem residência em Clínica Médica, pelo Hospital Municipal do Tatuapé da Prefeitura de São Paulo (1985/87). É pós-graduado em Cardiologia e Ecocardiografia, pelo Hospital São Paulo da Escola Paulista de Medicina (1988-91). Também é especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, e em Ecocardiografia, pelo Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia.