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Strain nas Cardiopatias Raras: revisão de artigo (parte III – CMP Restritiva, Miocardite e CMP de Estresse)

Agora vamos falar das cardiomiopatias não dilatadas, entre elas a restritiva não hipertrófica, miocardites e cardiomiopatia de estresse.

#CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA NÃO HIPERTRÓFICA, NÃO DILATADA: essa forma de cardiomiopatia caracteriza-se pela dilatação biatrial com ventrículos de tamanho normal ou reduzido, função sistólica relativamente preservada e enchimento restritivo ou pseudonormal.

Acomete mais frequentemente idosos e apresenta fibrose miocárdica intersticial. É comum haver associação com fibrilação atrial (FA) e a causa pode ser genética ou ter origem desconhecida (idiopática).

O ecocardiograma evidencia cavidades ventriculares com dimensões normais ou discretamente aumentadas, contratilidade preservada, dilatação de ambos os átrios e refluxos mitral e tricúspide. O Doppler mostra enchimento diastólico restritivo, com relação E/A mitral maior que 2 e relação E/e´ média do Doppler tissular do anel mitral maior que 14.

O strain longitudinal do ventrículo esquerdo (VE) pode ser normal ou pouco diminuído e o strain longitudinal do ventrículo direito (VD) normal ou discretamente diminuído. O strain longitudinal máximo dos átrios encontra-se diminuído.

#MIOCARDITE (CARDIOMIOPATIA INFLAMATÓRIA): é a doença inflamatório do músculo cardíaco causada por agentes infecciosos e não infecciosos, cujo diagnóstico deve ser realizado por critérios histológicos, imunológicos e imunohistoquímicos.

As causas etiológicas mais frequentes são infecciosas (bacterianas, virais e fúngicas), doenças autoimunes, hipersensibilidade e reação tóxica a drogas.

A recente pandemia pelo SARS-Cov-2 provocou significativo número de miocardites, muitas vezes fulminantes. Entre os arbovírus, o vírus da Chicungunya também foi responsável por considerável número de miocardites.

Nas miocardites virais, existem três diferentes fases: (1) aguda (entrada e replicação viral nos miócitos, com necrose miocítica, que dura de 1-7 dias), (2) subaguda (ativação da resposta imunológica, pode durar de semanas a alguns meses) e (3) crônica (quando a resposta imunológica é mantida, independentemente do desaparecimento do vírus, evoluindo para remodelamento miocárdico e desenvolvimento de cardiomiopatia dilatada).

O ecocardiograma é fundamental para avaliar as dimensões das cavidades e espessura das paredes e o diagnóstico diferencial com outras causas de insuficiência cardíaca, como cardiomiopatias hipertróficas ou restritivas ou doenças valvares, especialmente antes da biópsia miocárdica, que é o padrão outro.

Nas formas agudas e subagudas, as cavidades têm dimensões normais com diminuição dos parâmetros de função sistólica e o septo pode estar hipertrófico devido ao edema miocárdico.

A função diastólica pode evidenciar aumento da pressão de enchimento ventricular.

As formas crônicas, por sua vez, apresentam dilatação e hipocontratilidade difusa de forma semelhante à encontrada nas cardiomiopatias dilatadas.

O strain encontra-se diminuído em todos os sentidos, longitudinal, circunferencial e radial, pois o acometimento é transmural.

#CARDIOMIOPATIA DE ESTRESSE (TAKOTSUBO): é uma cardiomiopatia adquirida, geralmente reversível, caracterizada por disfunção sistólica transitória do VE, mimetizando síndrome coronariana aguda com aumento discreto de biomarcadores, sem sinais angiográficos de obstrução coronária.

Ocorre, normalmente, após um episódio de estresse físico ou emocional em pacientes mais idosos, geralmenteo do sexo feminino, embora haja registros em pacientes jovens do sexo masculino, principalmente após a pandemia de COVID-19.

A cavidade ventricular apresenta alteração da contratilidade, com hipocinesia, discinesia ou acinesia transitória dos segmentos médio ventriculares esquerdos com ou sem envolvimento apical, estendendo-se para mais de um segmento de irrigação coronariana.

O ecocardiograma mostra, geralmente, discinesia apical e médio-ventricular, adquirindo o formato característico semelhante ao aneurisma apical.

A análise do strain miocárdico evidencia diminuição segmentar do strain longitudinal, correspondente à área discinética e diminuição do strain longitudinal global, sugerindo comprometimento mais generalizado da função miocárdica.

Estudos com strain e ressonância magnética na cardiomiopatia de estresse sugerem que pelo menos 4 meses após a remissão clínica e recuperação da fração de ejeção, o strain longitudinal global recupera-se parcialmente e o twisting e a contra-torção permanecem diminuídos, com sinais de fibrose miocárdica evidenciada pela ressonânancia.

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