Encerrando a temporada de publicações sobre strain do ventrículo esquerdo, falaremos um pouco sobre a aplicação do método na avaliação das repercussões cardíacas da quimioterapia e da radioterapia.
A cardiotoxicidade, ou lesão miocárdica induzida por fármacos e radiação, pode levar ao surgimento e/ou descontrole da hipertensão arterial, de arritmias, isquemia, pericardite, miocardite e insuficiência cardíaca.
A avaliação periódica dos pacientes oncológicos, utilizando a ecocardiografia, é fundamental e o strain surge como ferramenta adicional importante, pois permite a detecção e intervenção mais precoces destas complicações, minimizando seus efeitos deletérios.
A seguir, vemos um diagrama de como podemos interpretar os resultados dos ecocardiogramas de seguimento destes pacientes:
Se houver queda da fração de ejeção (FE) acima de 10%, com valor absoluto final menor que 53%, dizemos que há disfunção cardíaca e o tratamento para insuficiência cardíaca, mesmo assintomática, pode ser instituído. Se não houver esta queda na FE, podemos utilizar o strain para avaliar se há disfunção subclínica. Se houver redução de mais de 15% no valor basal do strain, concluímos que existe disfunção ventricular subclínica e o tratamento para insuficiência cardíaca também está autorizado.
Diferente da fração de ejeção, que normalmente sofre redução a partir do 6º mês de terapia oncológica, o strain longitudinal global pode sofrer redução a partir de 3 meses e alguns trabalhos mostram a aplicabilidade do strain circunferencial e do twist para detecção de repercussões com apenas um mês de terapia oncológica com antraciclinas.
As alterações provocadas pela radiação costumam ser tardias, com manifestações ocorrendo até 20 anos após o tratamento empregado.
Casos clínicos
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Graduada em medicina, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É pós-graduada em Cardiologia, pela Funcordis, e em Ecocardiografia, pela ECOPE. Possui título de Especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.