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Onda L mitral – qual significado?

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Descrita como um evento mesodiastólico que pode ser observado com a aplicação das tecnologias de modo M, doppler pulsátil e tecidual, a onda “L” é um marcador de disfunção diastólica avançada. Sua presença no exame ecocardiográfico representa pior prognóstico do risco cardiovascular com maior risco de desenvolvimento de insuficiência cardíaca e morte súbita1.

Sua associação com pior prognóstico na Cardiomiopatia Hipertrófica (CH), por exemplo, foi demonstrada por Saito et al, quando comprovaram a prevalência da onda L mitral em 32,4% dos pacientes com CH. Estes pacientes eram mais jovens, tinham maior grau de classificação da NYHA para insuficiência cardíaca e maior prevalência de fibrilação atrial quando comparado com os pacientes sem ondas L ao exame ecocardiográfico. Mais que isso, a presença de ondas L nesse grupo de portadores de CH foi fator independente de mortalidade, após análise multivariada2. Em portadores de doenças valvares, pesquisas demonstraram presença de onda L em paciente com insuficiência mitral importante e insuficiência cardíaca descompensada com posterior desaparecimento desse achado após troca valvar cirúrgica3 . No cenário do paciente com fibrilação atrial, a presença de onda L mitral tem sido relatada como preditor de recorrência da arritmia tanto no pós-cardioversão, quanto naqueles indivíduos submetidos a ablação por radiofrequência4.

Sua etiologia não é bem compreendida, assim como o achado pode ser possível em indivíduos saudáveis, principalmente jovens, e também podem estar presentes na valva tricúspide1 . A hipótese é que haja um mecanismo de relaxamento pós-precoce diastólico ou relaxamento em dois passos.

Quais os valores de referência? O ponto de corte sugerido na literatura é 20cm/s utilizando o doppler pulsátil. A presença de um fluxo mitral mesodiastólico (onda L) com velocidade > 20 cm/s sugere relaxamento anormal com elevação das pressões de enchimento. Pequena onda L com velocidade < 20 cm/s pode ocorrer em corações normais com bradicardia5 .

A onda L é encontrada logo após a onda E mitral. Nos textos, pode vir descrita como: L wave, quando avaliada sua velocidade pelo doppler pulsátil (figura 1); L motion, quando avaliada a mobilidade valvar mitral ao modo M (figura 2); e L’ wave, quando avaliada a mobilidade do anel mitral ao doppler tecidual (figura 3).

Figura 1: ao doppler pulsátil
Figura 2: ao modo M
Figura 3: ao doppler tecidual

Referências:

  1. Di Virgilio E, Monitillo F, Santoro D, D’Alessandro S, Guglielmo M, Baggiano A,
    Fusini L, Memeo R, Rabbat MG, Favale S, Cameli M, Guaricci AI, Pontone G. MidDiastolic Events (L Events): A Critical Review. J Clin Med. 2021 Nov
    30;10(23):5654. doi: 10.3390/jcm10235654. PMID: 34884356; PMCID:
    PMC8658614.
  2. Saito C, Minami Y, Arai K, Haruki S, Shirotani S, Higuchi S, Ashihara K, Hagiwara
    N. Prognostic Significance of the Mitral L-Wave in Patients With Hypertrophic
    Cardiomyopathy. Am J Cardiol. 2020 Sep 1;130:130-136. doi:
    10.1016/j.amjcard.2020.05.040. Epub 2020 Jun 6. PMID: 32636017.
  3. Misumi I, Motozato K, Usuku H, Sakamoto K, Kaikita K, Tsujita K, Fukui T. A
    Mechanism for L-Wave Generation via Color M-Mode Imaging in a Patient with
    Mitral Regurgitation. CASE (Phila). 2019 Oct 17;4(2):86-89. doi:
    10.1016/j.case.2019.09.004. PMID: 32337397; PMCID: PMC7175751.
  4. R Wada, M Shinohara, S Yao, K Yano, K Akitsu, H Koike, T Kinoshita, H Yuzawa, R
    Nakanishi, T Fujino, T Ikeda, Significance of mitral L wave to predict late
    recurrence of atrial fibrillation after radiofrequency catheter ablation, European
    Heart Journal, Volume 42, Issue Supplement_1, October 2021, ehab724.0350
  5. Hortegal R, Abensur H. Análise da função diastólica em casos indeterminados.
    Arq. Bras Cardiol: Imagem cardiovas. 2020;33(3): ecom13
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