A hipertrofia lipomatosa do septo interatrial (SIA) é uma condição cardíaca benigna que deve ser considerada quando do diagnóstico diferencial de tumores atriais.
Caracterizada como uma massa não encapsulada composta por tecido gorduroso que infiltra o septo interatrial com espessura > 2 cm, a hipertrofia lipomatosa do SIA foi descrita pela primeira vez em, após exame de necrópsia, em 1964. Por preservar a região da fossa oval, acometendo as regiões dos istmos, é também denominada com septo interatrial em formato de haltere (imagem à direita).
A hipertrofia costuma ser maior na região do istmo cefálico do septo interatrial quando comparada com a região caudal e há projeção para interior de ambos os átrios.
Embora já tenha sido descrita como achado relativamente raro, com o acesso cada vez maior à ecocardiografia, esta condição tem sido cada vez mais reconhecida, tendo sua prevalência estimada entre 2.2-8% da população submetida a estudo ecocardiográfico.
Na maior parte dos casos é um achado incidental, já que a maioria dos pacientes permanece assintomático ao longo da vida. Contudo, pode causar arritmias atriais e exercer efeito de massa, atrapalhando a drenagem venosa (veias cavas ou pulmonares).
Alguns trabalhos relataram a associação da hipertrofia lipomatosa do SIA com condições que favoreçam o acúmulo de gordura corpórea, como síndrome metabólica e a obesidade propriamente dita, mas a precisa relação entre elas ainda não é bem estabelecida.
Por se tratar de um achado benigno, o correto reconhecimento desta alteração ganha importância para que se evitem procedimentos invasivos desnecessários, como a ressecção cirúrgica, expondo o paciente à possíveis iatrogenias.
Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.