A introdução da ecocardiografia bidimensional no final da década de 1970 iniciou a era da avaliação da contratilidade segmentar do VE.
A ecocardiografia de estresse começa em 1979 quando Wann e Feingenbaum utilizam o esforço físico em bicicleta com cortes transversais do VE para diagnosticar alterações reversíveis da contratilidade segmentar (1) (Figura 1).
Posteriormente a metodologia foi se aprimorando e, com a introdução de softwares que permitiam a análise das imagens lado-a-lado, pode-se avaliar de forma mais eficiente as alterações da contratilidade induzidas pelo exercício.
Inicialmente o esforço era induzido por exercício em bicicleta supina, no pico do esforço em esteira ou utilizando hand-grip. No início da década de 1990 a introdução de estressantes farmacológicos e, na década de 2000 das técnicas digitais de imagem, impulsionaram a ecocardiografia de estresse, principalmente farmacológico, com a vantagem do exame ser realizado com o paciente em posição supina. O primeiro livro publicado sobre o tema foi o de Picano em 1992 (2) e o método se divulgou rapidamente pelos laboratórios de ecocardiografia. Atualmente há uma tendência cada vez maior de realizar ecocardiografia de estresse físico, devido a ser um método mais fisiológico e com menor risco de complicações.
Tópicos
Metodologia ecocardiográfica para realização de eco de estresse
Anatomia das artérias coronárias
O conhecimento da anatomia das artérias coronárias é fundamental para a correta interpretação das alterações segmentares do miocárdio. A mais frequente distribuição da circulação coronariana é a denominada coronária direita dominante (Figura 2A). Quando a coronária direita irriga a parede ínfero-lateral do VE denomina-se coronária direita muito dominante, emitindo ramos ventriculares posteriores (Figura 2B). A coronária esquerda dominante irriga o sulco interventricular posterior (Figura 2C).
Relação entre os segmentos do VE e a irrigação coronária
O VE habitualmente é dividido em segmentos basais, mediais e apicais, em número de 16, 17 ou 18 segmentos. O sistema mais frequentemente utilizado é o de 17 segmentos (3). A irrigação coronariana mais frequente está representada na Figura 3.
Dessa forma, podemos correlacionar territórios de irrigação coronariana com segmentos miocárdicos, de forma a identificar a artéria culpada pela isquemia.
Tipos de alteração segmentar da contratilidade
Classifica-se a alteração da contratilidade em 4 tipos:
- Tipo 1: Normocinesia. O segmento estudado apresenta espessamento sistólico normal.
- Tipo 2: Hipocinesia. O segmento estudado apresenta diminuição do espessamento sistólico.
- Tipo 3: Acinesia. O segmento estudado não apresenta espessamento sistólico.
- Tipo 4: Discinesia. O segmento estudado apresenta movimento anômalo (expansão sistólica, estando incluído em este tipo o aneurisma).
A Figura 4 mostra estes tipos de contratilidade.
Na figura 5: hipocinesia; na Figura 6: acinesia; na Figura 7: discinesia.
Bibliografia.
- Wann LS, Faris JV, Childress RH, Dillon JC, Weyman AE, Feingenbaum H. Exercise cross-sectional echocardiography in ischemic heart disease. Circulation 1979; 60(6):1300.
- Picano E. Stress echocardiography. Springer-Verlag, 1992.
É doutor em medicina, especialista em Cardiologia (SBC) e especialista em Ecocardiografia.
Curriculum completo disponível na Plataforma Lattes
(http://lattes.cnpq.br/4922446519082204)