Homem, 42 anos, proveniente de zona rural, sem antecedentes patológicos relevantes, foi admitido no pronto-socorro com dor torácica, dispneia e rebaixamento do nível de consciência.
Há 06 meses vinha apresentando dispneia limitante, evoluindo com piora significativa nos últimos dias. À admissão apresentava-se taquicárdico (116 bpm), taquipneico (28 irp/min), hipotenso (PA 70×40 mmHg) e saturando 87% em ar ambiente, além de enchimento capilar periférico lentificado e cianose em extremidades. Ausculta cardíaca com sopro diastólico em borda esternal direita alta (4+/6+) e Escala de Glasgow de 7.
Eis o ecocardiograma:
E aí, qual é o diagnóstico ??? A resposta vem em seguida…
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O ecocardiograma mostra um ventrículo esquerdo com hipocinesia difusa e aumento das câmaras cardíacas. Fração de ejeção do VE estimada em 42% pelo método de Simpson.
Nota-se dissecção do seio de valsalva direito estendendo-se para a via de saída do ventrículo esquerdo e septo interventricular (seta amarela), com ruptura para o VE (seta branca) e regurgitação aórtica importante (PHT 170 ms, fluxo reverso holodiastólico em aorta abdominal).
DIAGNÓSTICO: insuficiência aórtica “crônica” (justificando o aumento cavitário) secundária ao aneurisma de seio de valsalva direito, evoluindo com dissecção aguda (dor torácica) com extensão para a via de saída do VE e septo interventricular, complicada com ruptura para o ventrículo esquerdo.
ANEURISMA DE SEIO DE VALSALVA: condição rara, secundária à alterações do tecido elástico e muscular deste região, resultando em uma parede arterial fina e frágil. Constitui 0.1-3.5% de todas as alterações cardíacas congênitas e o seio coronário direito é acometido em cerca de 67-85% dos casos relatados. Contudo, pode ser adquirida, secundária à lesões traumáticas, endocardite, aortite sifilítica, doença de Behçet, síndrome de Marfan, entre outras causas. A ruptura, quando presente, ocorre mais comumente para as câmaras cardíacas direitas. Frequentemente, encontra-se associado a outras alterações congênitas, como valva aórtica bivalvular (15-20%) por exemplo. Há uma incidência aumentada entre os asiáticos, sendo mais prevalente no sexo masculino.
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Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.