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Acometimento Cardíaco Viral: Chikungunya e SARS-CoV-2 (COVID-19)

Por José Maria Del Castillo e Carlos Antônio da Mota Silveira

A atual pandemia de Covid-19 provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2 mostra grande e rápido poder de contaminação provocando, principalmente em grupos de risco, elevada morbimortalidade.

Alguns relatos de caso chamam a atenção sobre o acometimento miocárdico, de forma isolada (INCIARDI, RM et al, 2020) ou combinada com acometimento pulmonar (HUANG C et al, 2020), caracterizada por infiltração das paredes e hipocontratilidade difusa comprovadas por ressonância magnética, estimando-se uma incidência de 23-33% entre os pacientes hospitalizados positivos para Covid-19 (MALLIDI J, 2020).

Estes fatos lembram, na recente epidemia de febre Chicungunya (2016-2017), um achado que passou despercebido, mas que provocou alto índice de incapacitação em aproximadamente 11,8% dos pacientes que sofreram esta virose (STALKOWSKY F, 2009): miocardite de aparecimento tardio com evolução para dilatação da cavidade.

Estudamos 32 pacientes na fase crônica da doença (5 a 25 meses após a comprovação do diagnóstico) nos quais os pacientes com menor tempo de evolução (12 pacientes com até 12 meses de evolução) apresentavam diminuição da fração de ejeção (45,58±10,45%) com diâmetro do VE normal (45,83±8,01 mm) e os pacientes com maior tempo de evolução (20 pacientes com evolução >13 meses) apresentavam maior diminuição da fração de ejeção (38,25±6,41%) e maior dilatação da cavidade ventricular (56,00±6,39 mm) (CASTILLO JMD et al, 2019).

Estes dados, ampliados para a análise de 52 pacientes com período evolutivo de até 38 meses, mantém a tendência.

Esta experiência, anteriormente não levada na devida consideração, nos faz refletir sobre a importância do diagnóstico desta grave complicação, sendo a ecocardiografia o meio disponível mais rápido e eficaz para indicar o início do tratamento da insuficiência cardíaca.

O exame deve ser realizado com as devidas precauções para evitar a contaminação (RECOMENDAÇÕES DO DIC/SBC, 2020), mas é de fundamental importância dada a alta incidência e gravidade da cardiopatia.

Referências

Para mais informações, acompanha nosso blog.

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