Em recente publicação sobre valva aórtica bicúspide foi destacada a correta avaliação da aorta torácica e seus segmentos durante a rotina ecocardiográfica. Desta forma, vamos revisar, de forma bem objetiva, a anatomia aórtica direcionada para os aspectos ecocardiográficos.
Dividida em cinco segmentos anatômicos, a aorta torácica consiste em:
- Raiz de aorta (e seio de valsalva)
- Junção sinotubular
- Porção tubular da aorta ascendente
- Arco aórtico
- Porção descendente da aorta torácica
A raiz de aorta, por sua vez, inclui o ânulo valvar, o plano das cúspides da valva aórtica, óstios coronários e o seio de valsalva. Avaliada na janela paraesternal longitudinal, deve-se também observar a via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE).
Distalmente à raiz da aorta, inicia-se a porção tubular, sendo esta transição denominada junção sinotubular. Já a porção tubular da aorta ascendente tem origem logo após a junção sinotubular e vai até a origem da artéria braquiocefálica. Pode ser subdividida em segmentos que compreendem a junção sinotubular até o plano da artéria pulmonar (segmento IIa) e do plano da artéria pulmonar até a artéria braquicefálica (IIb). O arco aórtico compreende a região a partir da artéria braquicefálica até a artéria subclávia esquerda, a partir de onde se inicia o segmento descendente da aorta torácica, que por sua vez pode ser dividido em segmento proximal (IVa – da artéria subclávia esquerda até o plano da artéria pulmonar) e distal (IVb – plano da artéria pulmonar até o diafragma).
A forma correta de se medir a aorta torácica já foi motivo de várias publicações na tentativa de padronizar tais medidas. A maioria dos estudos indica que o diâmetro da raiz de aorta deve ser medido durante o final da diástole (maior diâmetro), através da borda externa da “parede anterior” para a borda interna da “parede posterior”.
Esta medida deverá ser feita perpendicularmente ao maior eixo da aorta e paralelo ao plano do anel valvar para evitar erros de aferição. Da mesma forma, estas considerações também se aplicam às medidas da aorta ascendente e segmentos distais.
A análise do fluxo pode ser realizada tanto na posição apical 5 câmaras como pela fossa supraesternal. No primeiro caso, usa-se o Doppler contínuo e a curva espectral será negativa (se afasta do transdutor) com traçado apiculado e simétrico, sendo frequente a visualização de duas espículas (no início e no final) que correspondem a abertura e fechamento da valva aórtica ao passar pela linha do Doppler. Quando se utiliza a posição supraesternal, a curva espectral será positiva (aproxima-se do transdutor). Em ambos os casos, é importante alinhar o Doppler com direção do fluxo.
Com o transdutor em posição supraesternal, pode-se avaliar o fluxo do arco aórtico, com a emergência dos vasos cervicobraquiais e a a porção inicial da aorta descendente. O fluxo é negativo na porção descendente, com as mesmas características do fluxo da aorta ascendente (simétrico e apiculado), porém com velocidade máxima uma pouco maior (1.0-1.7 m/s), decorrente da diminuição progressiva do vaso.
Espero que tenham gostado dessa rápida revisão e, caso tenham interesse em algum tema, basta fazer a sugestão através de nossos canais. Até a próxima!
Para mais conteúdo como esse, continue acompanhando nosso blog!
Graduado em medicina pela Universidade Potiguar (UnP). Possui residência em Clínica Médica, pelo Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN), e em Cardiologia, pelo Procape – UPE. Porta o título de especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E é pós-graduado em Ecocardiografia, pela ECOPE.