Ecocardiografia do Esporte: Vivid Magazine Sports Cardiology

Na sua quinta edição, a Vivid Magazine traz uma publicação voltada para a área da cardiologia do esporte, com entrevistas e exemplos reais de casos clínicos de profissionais renomados no cenário internacional.

O grande destaque fica para a participação do Prof. João Giffoni, da equipe ECOPE, que tem vasta experiência na avaliação ecocardiográfica de atletas, sendo, portanto, uma das maiores referências da área no nosso país.

Além disso, o periódico ressalta a importância do uso das técnicas avançadas, como strain e trabalho miocárdico, para melhor entendimento das alterações ecocardiográficas e diferenciação entre padrão adaptativo e doença – o grande desafio para quem trabalha nesta área.

Vamos a alguns exemplos apresentados na revista …

# DISFUNÇÃO VENTRICULAR ESQUERDA INDUZIDA POR ESTERÓIDES ANABOLIZANTES:

Avaliação cardiológica de atleta de 49 anos, caucasiano, modalidade atletismo (100-200 metros rasos), com queixa de fadiga e redução de performance durante a prática esportiva.

Sem antecedentes patológicos significativos e sem histórico familiar de doença cardiovascular, não apresentou alterações ao exame físico.

Chamava atenção um teste cardiopulmonar com baixa capacidade funcional (VO2 máximo com apenas 66% do previsto).

Realizou, então, um ecocardiograma (que não é considerado um exame de rotina na avaliação pré participação no país de origem do paciente) que demonstrou dilatação do ventrículo esquerdo (VE), com fração de ejeção reduzida de forma significativa (FE Simpson 32%), além de redução do strain global longitudinal (12,3%).

Ao ser questionado, o paciente informou uso prévio de esteroides anabolizantes.

Ressonância magnética cardíaca demonstrou disfunção sistólica importante com presença de fibrose miocárdica extensa.

Após extensa avaliação, a hipótese de cardiomiopatia induzida por esteroides anabolizantes foi a mais provável.

#CARDIOMIOPATIA DILATADA OU “CORAÇÃO DE ATLETA”:

Paciente homem, 23 anos de idade, assintomático, realizou avaliação cardiológica após o pai ter sido diagnosticado com cardiomiopatia.

Ativo, praticante de atividade física de alta intensidade, participante de eventos de triathlon em nível nacional.

Seu ecocardiograma demonstrou aumento cavitário do VE (diâmetro diastólico final de 61 mm) com leve redução da função ventricular (fração de ejeção de 52%) e com strain global longitudinal de 12,5%.

Mesmo sabendo que atletas de endurance podem apresentar dilatação das câmaras cardíacas e diminuição leve da função ventricular esquerda, estaríamos diante de um padrão adaptativo ou patológico?

Um ecocardiograma com esforço pode ajudar nesta diferenciação. Um aumento < 10% da fração de ejeção ou uma fração de ejeção no pico do esforço < 62% favorecem a hipótese de cardiomiopatia dilatada (sensibilidade > 80% e especificidade > 90%).

Foi, então, realizada uma análise durante esforço isotônico em posição supina com bicicleta.

O exame demonstrou aumento de fração de ejeção do VE de 45% em repouso para 57% no pico do esforço.

A ressonância magnética do coração mostrou dilatação de todas as 4 cavidades cardíacas e fração de ejeção de 52%, sem presença de alteração da contratilidade segmentar ou fibrose.

O autor concluiu que , mesmo apresentando um aumento da fração de ejeção no esforço, os achados foram sugestivos de padrão patológico. Além disso, o padrão do strain também difere bastante do que habitualmente vemos em atletas.

Um estudo genético revelou variante patogênica no gene codificador da titina, uma alteração reconhecidamente relacionada à cardiomiopatia dilatada.

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